Leialti minimalista.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Nascer-da-lua

Você começa uma conversa despretensiosa sobre relacionamentos liberais e ela parece não entender, mas não há nada de errado nisso, é até compreensível que a sua namorada ache que a sua conversa despretensiosa não seja tão despretensiosa assim e que é apenas uma puta duma manipulação para que a fulaninha não seja a feladaputa com a qual você a traiu e sim só a menina do final de semana. Entretanto, isso não é verdade, mas mesmo que você explique incessantemente que não há fulaninha alguma, você ainda tolera a falta de paciência da sua namorada, que, à essa altura, já está te chamando de nomes que você nem sabia existir. Então você sai para o terraço e, coincidentemente, o céu está passando por aquele tão idolatrado processo chamado pôr-do-sol no qual você nunca viu tanta graça assim, para ser sincero, e você percebe que o céu deste dia está perdido numa discussão sem fim, as nuvens revoltosas o tornam particularmente bonito e você olha hipnotizado para ele e as palavras provocativas da sua namorada se perdem no céu ilimitado, mas isso também não é preocupante, afinal, ninguém é obrigado a ouvir groselha da namorada enquanto o céu está particularmente bonito. Você já está olhando a tanto tempo tempo para o céu que aquela nuvem em que você via um mamute se tornou um casal fazendo safadezas e mesmo o casal já trocou de posição, mas isso também não é preocupante. Então você percebe que todo esse tempo você esteve olhando para o lado escuro do céu, nada de nuvens laranjas, nada de pôr-do-sol esplêndido, este tempo todo o que te atraiu foi o lado negro do céu, finalmente você começa a se preocupar.

Um comentário:

Nancy Girl disse...

Turns out there isn't such thing as a vanilla sky.

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