E no instinto mais básico de proteção daquilo que se cativa, o garoto, preocupado, naturalmente, ao perceber toda aquela seqüência de movimentos de sua amiga que só poderia significar "eu estou muito triste", se adiantou e procurou ser reconfortante e, ao mesmo tempo, não cair num lugar comum.
- Olha só, vou te dar um presente-abraço com direito a laço e tudo o mais, você puxa o laço e eu te dou todos os abraços.
- Que laço?
Enquanto tentava desastrosamente fazer um laço com a blusa amarrada na cintura o garoto insistiu.
- Vale pro resto da vida, pode até me ligar no meio da madrugada, eu vou até a sua casa, sem taxa de entrega.
E a garota obviamente percebeu a preocupação do amigo, mas não se deu ao trabalho de não cair num lugar comum.
- Não precisa se preocupar comigo.
- Eu não preciso estar preocupado para te dar um abraço...
- Não, é sério, não precisa se preocupar comigo.
- Tem certeza?
- Tenho.
Então o garoto foi embora, nunca mais telefonou ou ofereceu um abraço. Ele arrumou outra amiga com a qual podia se preocupar em tempo integral e aprender várias maneiras de se embrulhar como presente. A garota morreu de desgosto em pouco mais de uma semana e meia.
Leialti minimalista.
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Um comentário:
Delicinha de sentido da vida!
Brincar é tudo. (h)
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