Leialti minimalista.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

tres ojos lunares

Veio correndo a estrada. Cabelos e barba dos anos 70. Ficou aqui por algum tempo, esperando nada acontecer, foi o que disse quando lhe perguntaram o que fazia. Era amigo do sol e da lua, preferia ficar cantando com eles a encerrar-se entre nossas paredes. Acho bem provável que a encerrar-se preferisse também a chuva, a neve, um furacão ou mesmo o fogo dos céus.
Não digo porque tivesse uma aura específica de inababilidade ou ares de nirvana. Digo porque quando desceram os extraterrestres em plena praça Artur Bernardes, fazendo com que nos trancássemos por uma semana dentro de nossas casas, ele foi recebê-los cheio de braços e lábios. Agora que penso, não poderia ter sido uma recepção melhor para eles, já que alguns tinham de fato vários braços e lábios. Alguns tinham mesmo tentáculos e eu poderia jurar que um deles parecia derreter entre às 8h e 10h. Tinha outro que parecia o Fernandinho da mercearia.
Assim que chegaram subiu no ar um burburinho que longo envolveu a cidade numa rede de sons que nunca havíamos escutado, produzidos por seus aparelhos vocais extraterrestres. Armaram tendas e barracas, fizeram amizade com nosso sol e lua e cantaram canções sobre os seus próprios satélites naturais. E os cães, que à princípio os estranharam, acompanhavam seus instrumentos supersônicos às latidas e uivos. Seus corpos se entrelaçavam numa profusão de cores e gemidos. Havia um azul com ventosas que se esfregou por três dias na janela de madeira do quarto de hóspedes que dá de frente para a rua produzindo ruídos sobrenaturais.
Ao fim de uma semana recolheram suas coisas, e partiram em seus discos voadores. Quando tomamos coragem para sair de nossas casas o sujeito logo nos disse que ia tudo bem, em verdade, acabara de começar uma outra era de amor em uma galáxia vizinha e que devia partir já. Correu a estrada. Logo percebemos que a imensa população de cães da cidade havia se reduzido pela metade e há relatos de cães com três olhos lunares. O Fernandinho, nunca mais o vimos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Registro do não-sentido

Hoje acordei em uma casa que não era minha, mas que poderia ser, de tão confortável, e lá ouvi que qualquer tentativa de entender a vida é fracassada por princípio e desencadeia desejos suicidas. Agora estou vendo se cresci desde a última vez que digitei umas letras por aqui, de cuecas, bebendo água tônica num copo do Bob Esponja, alternando os sons de Andrew Bird e Joanna Newsom e usando o brinco de uma garota morta, suicidada à moda de extermínio judeu nos campos de concentração, sabe-se lá se por tentar entender ou não. Entre os passos de uma casa para outra, da que acordei e da garota morta e da minha, vi vida: pessoas encontrando conhecidos em filas de supermercado e na Praça da Estação várias pessoas desconhecidas de mim e de si juntas sob a sombra de uma única árvore enquanto nas fontes crianças despudoradas corriam com pouca roupa e fotógrafos registradores mas não muito atentos deixaram escapar do registro um menino que como peixe pescado secava as costas no sol quente e a barriga no chão quente de sol uns velhos jogavam baralho sobre uma folha de papelão mendigos deitados outros sentados sorriam com bocas desdentadas e uma mulher em pé de óculos escuro e aro colorido acompanhada de um homem sentado em um hidrante e um cachorro ambos sem óculos de aro colorido e de colorida peruca um homem anunciando em um microfone uma criança encontrada num labirinto de eletrodomésticos do Ricardão e do outro lado da rua uma criança também de óculos de aro colorido também escuro atravessava acompanhada de gente grande e um homem peludo escolhendo músicas no jukebox do bar sujo onde peguei uma caneta azul emprestada para fazer o texto verde que estou maturando aqui a música começou aumente o volume tantas decepções eu já vivi pedi à moça que você me adora que me acha foda duas cervejas pretas e escolhi umas músicas enquanto esperava.

Pensei em tudo que vi e na condição humana, demasiadamente humana, de estar só tropeçando no escuro e rabiscando vida, que é melhor que sonhar. Viver é melhor que sonhar, cantou o homem do meu lado.

No caminho para casa, no metrô, uma mulher espremia cravos no nariz de um homem.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Visitantes desconhecidos.

Fico tão intrigado quando um deles comenta.
A bem da verdade, fico bem intrigado com gente vindo parar aqui vindo das vastidões internéticas.


Oi, Mariana, tudo beeeéim?
Quantos anos é que você teeeéim?
De onde é que você falaaaaa?
Será que você voltaaaa?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Da musa que não inspira

Nos que tais de dias mais ingênuos (e mais felizes), escrevi eu qualquer coisa sobre musas inspiradoras que dormem quando lhes é conveniente, algo de concedido por uma noite, mera vontade de escrever, algum pouco conhecimento geral sobre cultura grega e uma amiga de muitos sorrisos e muito sono.

Idos os tempos, a amiga e um pouco da ingenuidade volto para me desculpar por algumas apropriações indevidas a todas as partes que possam ter se ofendido, a Calíope, suas irmãs, um velho amor e um pedaço de mim. As musas não estão relacionadas a inspiração, mas a memória. O eu de hoje não mais cobraria da musa aquilo que era dever da noite (a essa não preciso me desculpar, pois volta sempre), talvez pedisse a ela um pouco das idéias e acontecimentos partilhados durante o dia, que me recontasse-os para que eu pudesse, depois do esquecimento, recontá-los valendo-me mais de verossimilhança, do milhão de coisas que há de mais interesse que a verdade, esta é gratuita e ao alcance de todos, a recordação só aos que dormem ao lado da musa.

A noite está lá fora e sei que volta amanhã, os sorrisos quisera eu...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Onda

À meia dúzia de almas perdidas que batem as portas desse local abandonado e todas as outras que aqui chegarem por engano ou outro motivo venturoso: corram até a livraria mais próxima e procurem por um livro chamado Onda de autora coreana Suzy Lee, se vocês tem qualquer dúvida sobre os motivos de terem vindo a este mundo adianto que foi para ter a oportunidade de apreciar esse livro.

A Onda tem uma coisa bacana, ela te puxa para frente e impele para trás, e num movimento súbito, enquanto você ainda não se decidiu pela imensidão a frente ou explorar um pouco mais a informação recente de trocar a areia pelo mar, ela te engole.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

De como se comia melhor no passado

Não importa se ingeriam índices altíssimos de gordura trans, os filhos da classe média de 80 e 90 comiam bem melhor do que se come hoje. Bastava pedir ao pai, tia ou avó uma moeda, duas, no máximo, para ir à padaria comprar um pacote de biscoito, não um desses com gosto de açúcar esfarinhado, comprava-se um Passatempo.

Comer um Passatempo não era apenas comer, era um ritual composto por várias etapas. Separava-se o recheio do biscoito metodicamente, alguns adpetos alternavam entre entre biscoito e recheio, outros juntavam todo o recheio em uma bola monstruosa. Comer uma das partes na ordem errada era suficiente para dessacralizar todo um pacote.

Com o Kinder Ovo não era diferente, em pouco mais de uma semana conseguia-se completar a coleção, com exceção de um ou dois modelos que só saiam depois que você já tinha pelo menos cinco de cada um dos outros. Hoje as crianças têm que juntar dinheiro por uma semana para comprar um Kinder Ovo.

As primas também eram bem mais acessíveis, todos os domingos a família se reunia na casa dos avós para almoçar e nos fartávamos do peito e do lombo das primas mais desenvolvidas. A marcinha era a minha preferida, no início da puberdade, e, assim como passatempo, comer a Marcinha era um ritual, tinha que fazer as coisas na ordem certa, e, enquanto tudo acontecia, um primo vigiava se tias ou avós se aproximavam. Tirar uma peça de roupa na ordem errada poderia arruinar tudo. Mas a Marcinha foi ficando desinteressante e não faz mais falta, seria como fazer o ritual do Passatempo com um desses genéricos, não faria sentido e não faz falta. Mas o Kinder Ovo, ah! O Kinder Ovo é inadmissível!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tirando as teias de aranha

Pois bem, eu tenho um texto para postar aqui, mas recuso-me terminantemente a fazê-lo sem antes escrevê-lo a tinta no caderninho comprado para tal fim.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As palavras de conforto, quais são?

- As palavras de conforto, quais são?
- Pois não?
- Eu queria saber quais são as palavras de conforto, só isso.
- Não estou entendendo...

Assim se apresentou um homem a figura do escritor. Este ficou perplexo. Não que não entendesse a pergunta, entendera-a muito bem, o que não entendia era como alguém poderia fazer tal pergunta. E por que julgara o homem que o escritor estaria em posição de responder a pergunta? Não parecia uma piada, o homem a fizera a sério e insistiu:

- Você é um escritor, certo?
- É, mais ou menos, quero dizer, não gosto de ver isso como uma profissão...
- Mas escreve, não é?
- Escrevo, sim.

Pode ver um brilho de esperança no brilho dos olhos do homem. O escritor não sabia de sua busca. Ele já se sentara em carteiras nas classes de línguas, portuguesa e estrangeiras, como ouvinte nas classes de linguística, enviou cartas à poetas, compositores, sambistas, enveredou a noite e percorreu seu caminho nos esconderijos de boêmios, pseudointelectuais, mendigos, saudosistas e bêbados e apaixonados e bêbados apaixonados, teve discussões calorosas com filósofos, niilistas, senhoras do clube do livro e com loucos, deitou-se com muitas meretrizes e agora o faria todos de novo.

- Venho já há um tempo procurando saber quais são as palavras de conforto. Procurei em dicionários, de sinônimos primeiro, depois nos de antônimos, para ver se dava alguma luz. Procurei em enciclopédias, no google, na wikipédia e na desciclopédia. Procurei profissionais da área, professores de português e de outras línguas, linguistas, poetas, compositores, sambistas, boêmios, pseudointelectuais, mendigos, saudosistas, bêbados, apaixonados, filósofos, niilistas, senhoras do clube do livro, loucos, prostitutas... você é um deles, certo?
- ...
- Você trabalha, convive com isso, com as palavras. Você não é nenhum deles e mesmo assim pode ser todos usando apenas palavras, pode ser filósofo, lingüista ou meretriz louca bêbada apaixonada. Pode ser que não sinta o conforto da noite, como os boêmios ou os gatos, mas sabe dispor as palavras de uma maneira que faça com que acreditemos nelas, quero que me diga quais são as palavras de conforto, como devo usá-las.
- Por que me pede isso?
- Lágrimas.
- Como?
- Lágrimas em quantidade suficiente para se afogar nelas. Como Alice.
- Do que está falando?
- Alice bebeu o líquido do frasco, isso a fez crescer, se sentiu enorme. Por consequência maiores foram suas lágrimas e quando bebeu do segundo frasco e se sentiu menor, poderia mesmo ter morrido afogada em meio às lágrimas que já havia chorado quando grande.
- Por que está me dizendo isso.
- Eu sou o frasco. Alimentei um alguém a quem conheço, que me é muito precioso, fiz com que suas lágrimas crescessem lá dentro. Alice as expeliu, pelo menos. Alice se sentiu pequena em meio à torrente de tristeza do passado. Não essa pessoa. Ela nunca chorou suas lágrimas. Agora se sente menor e dentro de si guarda uma quantidade de lágrimas suficiente para afogar-se dentro de sua própria tragédia. Contribuí para isso. Quero me refazer. Preciso. Palavras de conforto me pediu a tal pessoa. Tudo que pude lhe oferecer foi o silêncio. Mas preciso das palavras. E você sabe das palavras, não é mesmo. Pois então diga a mim, por favor, que faço tudo que pedir.

Os lábios do escritor se mexeram. Nenhum som. Nada. Olhos melancólicos mirando o chão. Dois pares. O homem foi embora desiludido. Voltou a sua pessoa querida, encarou-a nos olhos. Quando esta ensaiou uma meia palavra com os lábios, sentiu o toque de um dedo. Calou-se. Engoliu as palavras engolidas. Foi acolhida por dois braços e um peito. Abrigada do mundo, no calor e escuro acolhedor, chorou mais lágrimas do que possivelmente poderia haver dentro de si. Enfim leveza.

O escritor sempre que se lembra do ocorrido sente um pouco de vergonha e permanece em silêncio. Nunca soube o que aconteceu ao homem. Criou um final feliz para a sua história, mas nunca encontrou as palavras de conforto. Eventualmente passa horas em frente à sua máquina de escrever, esperando que os botões venham de encontro aos seus dedos, revelando-lhe aquilo que nunca soube, mas sempre fingiu.



sábado, 17 de janeiro de 2009

Desacordo ortográfico.

As pessoas nem sequer adotaram o novo acordo ortográfico e injuriam-no à plenos pulmões para cima e para baixo. "acabar com a trema, vê se pode? agora vamos falar trankilo... e o hífen então, benquisto, tem lógica uma coisa dessa? E o pior, a crase, eu nunca soube muito bem onde usar, onde tinha e onde não tinha, mas é a coisa mais charmosa da língua a crase, não é?" E a crase nem sequer sofreu alterações no novo acordo ortográfico, mas sabe como é, você tem aquele primo que sempre dá problema, chega em casa chapado de maconha e um dia some dinheiro na casa, ninguém hesita em olhar torto para ele e logo objetos começam a voar. A bem da verdade, apenas uma minoria das pessoas sabia onde ia a trema, inclusimente, muita gente nem sequer sabia para que servia a trema e só foi saber agora com a reforma, e mesmo assim se sentiram ofendidos. Do hífen posso dizer o mesmo. Pois saibam os reclamões que a língua não passa de um monte de acordos decididos por um monte de gente que atribui significado a uma sequência determinada de sons ou símbolos e todo mundo sempre se deu muito bem assim, não fossem os acordos ortográficos, estaríamos escrevendo phosphóro até hoje, ou êle. Êle, não preciso nem dizer o quanto é indignante ter que colocar um circunflexo nessa palavra, não é!? Aliás, ruim mesmos são os desacordos da língua portuguesa, quando respondem a uma pergunta terminada em "não, é?" nunca sei se a resposta concorda com o "não" ou com a pergunta e sempre tenho de perguntar de novo

- Poxa, mas o filme foi até bom, não é?
- Não...
- Não que foi bom ou que não foi bom?

Isso não estabelecem na língua. Aliás, só é útil quando se quer fugir da verdade. E eu até tenho gostado desses últimos textos, estão até razoáveis, não é?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Nos camarins da música brasileira...

Seria Chico Buarque um Final Fantasy geek? Será que endereço de e-mail dele é chico_leonhart@finalfantasy.com? Seria eu pirado por estar indagando esse tipo de coisa? Pois eu acho que não. Para entender o sentido de tais acusações seria preciso que o leitor jogasse a algum jogo da série, e há muitos para escolher, estamos chegando ao XIII e adiante, sem contar os não numerados ou os derivados, como o Chocobo Racing, que é como um Mario Kart em cima de avestruzes coloridos. Mas isso pode demorar muito, eu mesmo, com todo o meu tempo livre e nerdice nunca tive paciência para terminar um Final Fantasy sequer, quem dirá XIII e além. É suficiente assistir ao Final Fantasy VII Advent Children que tem apenas 1h41 minutos. A ambientação sempre é atemporal e fantástica, os edifícios são uma mistura dos vários estilos arquitetônicos desde a idade média até os tempos de hoje e da imaginação dos designers e no céu sempre há aeronaves sofisticadas cruzando-se com pássaros monstruosos, dragões e navios voadores. Não muito diferente da música de Chico Buarque, Geni e o Zepelim, em que a heroína não tão politicamente correta quanto os heróis da fantasia final tem de "enfrentar" um homem poderoso que aparece em sua cidade (na verdade, nunca é deixado claro se é uma cidade, vilarejo ou qualquer coisa que o valha) ameaçando explodir tudo com a sua monstruosidade bélica: um zepelim prateado carregado de duas mil armas que saem por dois mil orifícios. Daí entra a Geni com o Limit Break dela: ela é uma máquina de sexo, dá para tudo que projeta sombra e faz de tudo, desde a posição do jumento na chegada da primavera ao psyduck com enxaqueca no inverno, para salvar seu povo. Além de tudo o cara ainda demonstra uma inclinação para o hentai, aposto que ele curte tentáculos. Ora, não é óbvio? Toda aquela luta contra a ditadura militar, afasta de mim esse cálice, rá! E para quê!? Para retirar o Nintendinho da censura e se deliciar com a fantasia final no 8bits.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sara e ilusões de grandeza.

- Aflívio... Como pode, né!? Aflívio... e o pior, Aflívio Augusto. Não, porque se pelo menos fosse Augusto Aflívio, sobrenome a gente não escolhe, né!? E, vou te contar, tem mãe criativa nesse mundo. Eu mesmo, imagina só, não sei nem que roupa vou vestir ou o que quero comer no almoço, imagina quando eu tiver minino, ter que escolher um nome para a criatura, que ela vai carregar para o resto da vida. Para menina eu gosto de Sara. Queria mesmo chamar de Sara. Sara... Sara é o nome que acho mais lindo no mundo. Mas Sara minha mãe já colocou em mim, né!?

domingo, 11 de janeiro de 2009

L-I-R-I-S-M-O

Ai, o lirismo, de que nos serve esse sujeito esguio que se passa por belo, numa palavra, num gesto, numa imagem não mais belos que quaisquer outros, que só se mostra para alguns e mesmo assim só onde o deseja. De nada nos serve, aí está. Quis eu escrever (e para quê?) e então comprara um pequeno caderno guardado em uma pastinha dura de mesmo tamanho, para que pudesse carregá-lo para todos os lugares sem dificuldade, e uma caneta de nanquim, como se a fluidez da tinta tivesse a propriedade de tornar também fluidas as palavras e fosse escrevê-las no meu lugar. Carrego o bendito caderno, um xodó, para todos os lados, dentro da minha mochila. Raramente toco-o e, quando o faço, é para dispor as coisas na mochila numa ordem outra que permita enfiar mais coisas que me parecem muito úteis, mas que acabam apenas ocupando mais espaço. Assim o fizeram diversos escritores, compraram eles suas máquinas de escrever, objetos em desuso, e por quê? Apenas pela estética de se escrever numa máquina de escrever. O lirismo. Talvez tenham digitado L I R I S M O várias vezes, esperando que as outras teclas fossem de encontro aos seus dedos e não o contrário e talvez tenham pensado "se ao menos eu pudesse carregar minha máquina comigo sempre, poderia escrever sempre que estivesse inspirado". Pois digo a eles, carrego comigo minha máquina e isso em nada me ajuda. Imagino o que farão os escritores do futuro, terão seu windows 95 ou 93 e uma fonte baixada no http://www.zipfontes.com.br/ ou no http://www.1001freefonts.com/ e dá-lhe control + c/v: lirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismolirismo lirismo






http://vaporiss.deviantart.com/art/Typewriter-105436609

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Esse texto poderia ser mais rico se eu pudesse usar fontes do meu computador, mas não o posso, eis a minha criatividade sendo restringida por esse mecanismo idiota. Eu teria imitado as letras da máquina de escrever e a fonte exótica no final, talvez escrito a primeira parte a mão, mas como não posso fazer tudo isso, prefiro nada fazer e apenas dizê-lo.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

ASW e DSW

A.S.W. e D.S.W. são as novas siglas divisoras de era. A.S.W. corresponde a Antes de Star Wars e D.S.W., bem... Para aqueles que crêem que isso pode ser um exagero, não se precipitem. Minhas próprias irmãs não sabem quem é Lúcifer. Ou quem foi, porque pelo jeito depois te toda aquela confusão entregando a chave do inferno ao Sandman, quem acabou ficando com posse do inferno foi Darth Vader e uma horda de Siths macabros e, aliás, as minhas irmãs sabem quem é Darth Vader. Mesmo quem nunca passou pela experiência de assistir à enorme e cada vez maior série, da qual George Lucas parece querer exaurir toda a força, até acabarem as pilhas dos sabres de luz, enfim, homens, mulheres, crianças e gatinhos pedindo leite em miauês, a Natalie Portman, todos sabem quem é Darth Vader, aquele cara que faz barulho de tubo de hospital. E novamente aliás, não fossem os sabres de luz, Star Wars nada seria, George Lucas seguiu uma fórmula de sucesso, não havia como errar, ele dividiu sua história em duas partes com vários capítulos, criou uma figura messiânica, um filho de camponeses que se levanta contra a tirania de um império, ignorou todo e qualquer problema lingüístico, físico, químico, biológico e todos os outros em que você pensar, quem precisa de verossimilhança numa história em que há espadas feitas de luz e pessoas que erguem coisas pelo poder da força e até andam em cima da água!?
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Só para constar, eu gostei desse texto.

Edit: Olha eu fazendo texto sci-fi de ridículo de novo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

1+1=3

Estou lendo as Novas Comédias da Vida Privada, do Veríssimo. O Veríssimo é um cara esperto, na capa da edição que estou lendo há um pai de família, uma mãe e um garotinho, me passaram despercebidos. Li várias das crônicas, todas envolvendo situações ridículas. Eu gostaria de apontar o ridículo da vida, da última vez que tentei saiu aquele texto ridículo sci-fi do carro que não parava no sinal vermelho, puff, sou consciente das coisas ruins que escrevo, mas como já havia escrito postei aqui, né, quero que vejam as merdas que saem no processo criativo. Certamente aquele texto não estaria nas minhas crônicas escolhidas, fossem elas escolhidas por quem fosse, a menos que fosse na coletânea das piores crônicas dessa borda da galáxia. De qualquer forma, quando reparei da capa pude ver que todos eles tinham nariz de palhaço. Ha, eu nunca vou conseguir apontar o ridículo melhor que isso, mas vou continuar tentando, daí não se assustem com esses cross-over de gêneros, prometo não fazer nenhum sci-fi em que um fazendeiro é debochado pelos colegas por ter seu rebanho de ovelhas abduzido por ovnis.

Move my words.

Nessas andanças pelo torrent acaba me chegando muita coisa e eventualmente me deparo com coisas que me deixam uma impressão muito forte, como os versos do Cake: adjectives on the typewriter / he moves his words like a prizefighter. Achei muito bacana a construção, expondo primeiro as palavras e a ferramenta e depois atribuindo a eles um valor de movimento como se fosse uma extensão do corpo do autor. De qualquer forma, prizefight parece muito grosseiro, direto. Se um dia eu souber movimentar as palavras bem, vou querer fazer isso que nem um bailarino chinês que pratica o estilo do mestre grilo que medita na cerejeira da montanha no inverno. Mas acho que vou me contentar com o que sei fazer por enquanto, I move my words like a psyduck with a headache.

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Boadrasta

Eis que surge um conceito novo na minha vida, num momento muito inesperado. Depois de viver mais de uma década com a família, pais juntos, pais separados, mãe-recém-separada-evangélica-de-cabelo-curto, almoço todos os dias na casa da avó (do qual eu não gostava e, por isso, passava vários dias sem almoçar), pai que trabalha viajando e deixa os filhos com a madrasta.

Tantas casas e nenhuma delas um lar, isso pode parecer um tanto quanto clichê do adolescente vindo de broken home, não vou falar dos problemas que tive com eles, basta dizer que eventualmente meus pais pararam de me chamar para os eventos de família. Casa para mim sempre foi um sacrilégio, um lugar para onde eu voltava por falta de opção e do qual me esforçava para me manter longe, fosse dormindo na casa de amigos, de estranhos ou mesmo na rua.

E foi num desses problemas familiares, se é que se pode chamar de familiar um problema que vem de uma coisa que chamam de família, mas que está longe de cumprir esse papel, me empurrou para uma nova casa e, dessa vez, mais estranho do que morar com a madrasta porque o pai trabalha viajando: moro com a primeira esposa do meu pai. E por uma grande ironia, agora que estou cada vez mais perto de me tornar auto-suficiente (em questões financeiras) e que tenho mais amigos que me oferecem lar por um ou alguns dias, finalmente encontrei um lugar para o qual voltar não é um sacrifício, muito pelo contrário, é inclusive agradável. Minha irmã mais velha e a mãe dela me tratam muito bem. Ha, que curioso, a boadrasta, para fazer um trocadilho horrível, ou, de uma forma um pouco mais poética, a vida me apresenta a mãe antes da mãe.

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Eita, daqui a pouco isso aqui vira querido diário.

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