Leialti minimalista.

Outras baboseiras

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Registro.

Hoje fui ao Maleta rabiscar gente.
Saldo: R$100,50 e uma dose de Providência.

Rabisco sim e tô vivendo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Impressões sobre a poesia

A tempo, não me confundam, quando digo que a poesia pode ser encontrada em todos os aspectos da vida, não estou adotando carpe diem ou vendo o mundo por um prisma super otimista. Ver a poesia do mundo é como trepar com um estranho, você toca, sente, observa, goza e depois morre. Tem gente que chama esses alguns que se acham espertos de babacas. Minhas primeiras impressões sobre a poesia e tudo o mais que se há para ver é que tudo é tão e quão babaca quanto se pode ser num mundo em que se goza para depois morrer.

Rabiscando gente.

Não sei desenhar, faço uns rabiscos horrorosos, mas recentemente descobri que posso desenhar gente em botecos e ganhar dinheiro para pagar minhas contas. Desde então tenho bebido de graça, sempre peço minha dose de providência, o garçom me olha com uma cara estranhíssima e me cobra mais do que gastei, provavelmente achando que estou bêbado, que sou novo e não sei beber, não ligo, porque não sai do meu bolso, rabisco alguém, rabisco vida, rabisco dinheiro, porque é isso que me dão, quando presenteio meus modelos, vítimas ou como quiserem chamar, com os rabiscos. Parece um pouco medíocre, sair para beber cachaça e depender de estranhos para pagarem minha conta. Uma vez me perguntaram porque esse é o nome do meu blog, rabiscando vida, porque rabisco pressupõe um certo desleixo. E tem gente que chama desleixo de despojo para parecer melhor. Ora, não procuro não chamar meus rabiscos de nada mais, são rabiscos e são o que faço. Mas tô vivendo.

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Eis um texto explicitamente autobiográfico.

Pseudestesia.

Se inefável foi criada para dizer-se daquilo que não pode ser dito em palavras,
Defenestrado certamente para que o Veríssimo escrevesse a crônica de sucesso,
Pseudestesia, não resta dúvida, foi para ser dito naquele momento em que você viaja legal e alguém aleatório comenta que você estava viajando, de preferência o professor, quando você dá aquela cochilada "não, não, foi só uma pseudestesia", está claro que a pessoa não vai mais fazer perguntas, no máximo soltar um "ah!" pseudo compreensivo, balançar a cabeça afirmativamente e proceder a vida como se tivesse passado por um simples piparote.

sábado, 13 de dezembro de 2008

EU PIRO!

Num muro de concreto
Um manifesto:
SE EU NÃO PINTAR EU PIRO

Na cidade
Vários manifestos
Um coro de desprezo
Um sorriso de canto de boca, da minha
Um coração que bate mais rápido

Olho para massa de corpos semi-vivos rastejantes inertes e penso: alguém vive. Ando mais alguma ruas e uma coluna cinzenta de passarela me diz para olhar para trás, quando estiver alguns metros adiante. Olho para trás e não vejo colunas, vejo canteiros de flores erguendo uma passarela. Ora, alguém vive.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Percepção

Me sentindo inquieto, saí para andar e pude ver que no mundo existem vários formatos e me senti pequeno. Pude ver que cada árvore tinha um complexo de formas e ângulos muito grande, provavelmente muito maior dos que eu próprio ou qualquer outra pessoa tem, superficialmente, é claro, e me senti pequeno novamente. Pude ver também que todas as árvores eram diferentes entre si, mesmo as que eram parecidas poderiam possuir uma infinidade de formas diferentes. Possuiam várias texturas. E assim era com tudo mais que me cercava. Mesmo as coisas que homem produz em série, para que fiquem todas iguais, mesmo elas, em alguma minúscula ordem de medida imperceptível para nós também são diferentes. Todas as garrafas de coca-cola são diferentes. Todas as cocas dentros das garrafas têm um gosto diferente. E percebi também que pode-se encontrar poesia em tudo, porque, embora as crianças entrem de férias todos os anos, há sempre crianças que estão entrando de férias pela primeira vez, e, além disso, a cada ano que se entra de férias há uma ansiedade, um aperto, uma libertação diferente. Percebi também que as opções são muitas, muito mais do que poderíamos contar, que eu tinha muitas ruas para seguir, carros aos quais pedir carona, ônibus para pegar, árvores nas quais subir. Percebi que pode-se ir a muito mais lugares do que eu tinha consciência, não estou falando de visitar vários países, estou falando de sentar-me em todos os galhos de uma árvore e saber formas confortáveis de distribuir meu peso para que eu soubesse como fazer cada galho do mundo ser confortável, aposto que um gato saberia. Percebi que mesmo as pessoas que parecem tão zumbificadas se diferenciam nesse aspecto, que cada uma pisa distribuindo o peso numa proporção diferente, que cada uma se apoia no mundo de um jeito diferente e então imaginei que, se pudessem ser olhadas de perto e sem censura, elas poderiam ter ambições diferentes, pessoais, sinceras. Percebi que as opções são infinitas e que eu nunca vou poder experimentar e nem sequer imaginar todas. Para todas as coisas banais se faz uma escolha. Para saber as horas eu poderia olhá-las no meu próprio relógio, se eu tivesse um, poderia olhar no meu celular, poderia perguntar a alguém, poderia olhar no relógio de alguém, poderia roubar o relógio de alguém, poderia espancar alguém até a morte e pegar o seu relógio depois, poderia observar a sombra de uma placa por alguns minutos para saber para onde está se dirigindo o sol e, então, deduzir as horas. Percebi o quanto nunca vou experimentar do mundo. Percebi que eu poderia escrever sobre qualquer coisa, e percebi que o que quer que escrevesse seria algo pequeno, independente de qualquer opinião ou crítica que recebesse. Percebi o quanto de opções nunca vou tomar e me senti pequeno e, de alguma forma, me senti grande. Imenso. Infinito.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Bateria inteligente (?)

Conduzíamos a pesquisa de piloto automático para automóveis. Junto de nós havia uma grande autoridade, um alemão, Schneider, já esteve aqui algumas vezes, não sei se lembra dele, ele é enorme, era sua primeira vez no Brasil, ele havia achado a comida deliciosa e comia como se o mundo fosse acabar a qualquer momento... enfim, a pesquisa estava gerando ótimos resultados e a previsão para o lançamento dos primeiros modelos era para breve, o slogan era: bateria inteligente, você só vai parar no sinal vermelho, rã, não fazíamos idéia do quanto isso era verdade. A trajetória era programada em um sistema simples de GPS e a bateria era conectada por wireless ao sistema de semáforos, naquela época, muitas cidades ainda não tinham uma cobertura de wireless gratuita, talvez alguns nem tivesse cobertura, para dizer a verdade. Estávamos em fase de teste e estávamos ansiosos, foi em um desses dias que ficamos trabalhando até mais tarde, todos foram embora e só nós ficamos por lá. Eu e Célia entramos no carro, havia um semáforo nas dependências da fábrica, Schneider iria operá-lo. Com o sinal verde demos duas voltas na fábrica, tudo como o esperado, então Schneider trocou para o sinal vermelho, o carro parou. Ficamos extasiados, talvez conseguíssemos lançar o produto antes do previsto. O sinal vermelho e o carro parado. Por algum motivo o sinal permaneceu vermelho, não sabíamos o porque, tentamos nos comunicar com o Schneider e não conseguimos, ele não atendia o celular. Foi então que nos deparamos com uma das falhas mais óbvias, tentamos abrir a porta e não conseguimos, já que havíamos colocado uma trava de segurança que impedia qualquer porta de ser aberta enquanto o veículo estivesse ligado, teríamos desligado o veículo, se, à essa altura, já não nos tivesse ocorrido que também havíamos colocado uma trava na ignição; imagine só se alguém resolvesse desligar o carro enquanto ele estava em movimento, seria um acidente potencial, e mesmo que o carro estivesse parado em um sinal vermelho, como era o caso, atrapalharia o trânsito se o motorista resolvesse parar por ali mesmo. Não havia mais ninguém com quem pudéssemos falar, o vigia estava dormindo fatalmente, imaginos nós, já que não conseguimos nos comunicar com ele também. Devo dizer, entretanto, que, não fosse o incidente do carro, eu provavelmente nunca teria me envolvido com a sua mãe. Só fomos liberados pela manhã, quando o vigia trocou de turno, depois nos ver e de falar conosco entrou na fábrica e voltou depois de algum tempo com Schneider, que havia passado mal de dor de barriga e acabou dormindo no banheiro. Na época, parecia bastante ridículo que as causas de nossa relação fossem uma dor de barriga e um projeto de slogan fatídico e igualmente ridículo, mas, sinceramente, não creio que algo justifique melhor a ridicularidade que o amor.

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Tirando as teias de aranha.
Esse slogan é real, vi na traseira de um ônibus.

sábado, 15 de novembro de 2008

Acrescente 3 colheres de chá de...

Dividir a mesma casa com muitas pessoas leva a muitos problemas. Se há algo que me irrita é quando você separa alguma coisa na geladeira, para comer mais tarde - aquele bolo que trouxeram do casamento da sua prima no qual você não foi - e, quando você volta, só encontra a vasilha ou o que quer que seja vazia, que, aliás, a pessoa que comeu nem se deu ao trabalho de tirar da geladeira. Pois assim acontece sempre que faço chá gelado. Naqueles dias quentes como o inferno, deixo toda uma jarra, 2 litros de chá, e quando vou à cozinha só encontro um restinho miserável, que, diga-se de passagem, é pior que encontrar nada, porque só aumenta a vontade.

Não seria, no entanto, um problema tão grande, se eu não fosse a única pessoa que preparava o chá. Mas eis que, um dia, chegaram os meus dois irmãos mais novos e me perguntaram entusiasmados como é que se fazia chá. Disse a eles que bastava ferver - deixar esquentando até fazer borbolha - a água, colocar o sabor de chá que querem e deixar fazendo a infu... bom, deixar o sabor de chá lá na água com borbolha por algum tempo, depois pode colocar laranja, canela, açúcar, enfim, sempre se pode experimentar. Também disse a eles que colocassem água para ferver em xícaras no microondas, para que não mexessem no fogão, e, prevendo que iriam provavelmente esquecer a água fervida nas xícaras, enquanto brincavam de bater nos carinhas invisíveis na base secreta situada no meio do quintal, ajustei meu celular para que despertasse em 2 minutos para que eu pudesse ir a cozinha e verificar a bagunça.

Bom, posso dizer que os subestimei, pois quando cheguei à cozinha, encontrei xícaras melecadas de uma coisa extremamente gordurosa e amarela. Em cima da mesa havia um livro de receitas de bolo, nos ingredientes lia-se, logo na primeira linha: 3 colheres de chá de manteiga.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Kenji

Kenji saiu do Japão em 1905, ele tinha 15 anos quando deixou o seu país para imigrar para os Estados Unidos da América, onde trabalhou até conseguir respeito e uma loja. 40 anos depois, Kenji estaria pilotando um avião, derrubando bombas em cima de pessoas. Kenji não era um soldado. Kenji era apenas um homem. E as vítimas de suas bombas também não eram soldados, nem sequer eram americanos, eram homens japoneses. Homens que dormiam pela noite e acordavam pelo dia, como Kenji acordou um dia e se deparou com a notícia "Pearl Harbor bombardeada, os japas estão vindo", na primeira página, acompanhada de fotos de soldados estadunidenses morrendo. Seu mundo desabou, ele era apenas um homem com família e uma loja em Los Angeles, mas agora seria chamado de imigrante e seria levado junto com os outros japoneses para uma colônia. O governo deu a ele e aos outros japoneses apenas alguns dias para arrumar todas as suas coisas em duas malas, se não as tivessem, teriam direito a dois sacos de lixo para colocar toda a sua vida e se mudar junto com todos os outros japoneses malévolos para Manzanar. Kenji não mentiu para seus filhos, disse a eles que os EUA estavam procurando por espiões e que eles iam se mudar para Manzanar, junto dos outros japoneses. Em Manzanar, Kenji não mentiu tampouco, alertou a seus filhos que não encarassem os soldados e que não corressem, se os soldados achassem que eles estavam fugindo, poderiam ser baleados. Kenji não odiava os soldados, sabia que estavam apenas cumprindo seu trabalho. Entretanto, não deixava de ser desconfortável passar seus dias sendo vigiado por homens armados. Seus filhos, nascidos nos Estados Unidos, prisioneiros de guerra em seu próprio país. Kenji tinha esperança de sair de lá um dia, vivo, então não podia causar problemas. Surgiu uma oportunidade, aqueles que se juntassem ao exército estariam livres. Alguns homens se alistaram. Eles supostamente deixaram Manzanar em um vôo carregando duas bombas que acabaram com a guerra bem rápido. Duas cidades foram deixadas em pedaços. Kenji foi liberto, tinha esperanças de uma vida normal. Mulher, filhos e a sua loja. Quando voltou para casa, Kenji tinha as mãos pesadas, quando saíra carregava apenas a sua própria vida e a de sua família, agora carregava a vida de todos os homens que morreram pela sua liberdade. Que ele matara. Quando chegou em casa, o que Kenji viu o fez soltar aquelas duas malas, tendo o impacto de duas bombas atômicas em sua vida. As janelas estavam quebradas, toda a casa revirada e destruída, na parede, escrito em letras grosseiras de spray a seguinte frase: japas não são bem vindos.

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Hoho, esse texto foi inspirado, para não dizer copiado, de uma música de hip hop, só pro espanto global.

domingo, 19 de outubro de 2008

Herói

Eu não tenho o poder, ou o usaria agora... ou não sei controlá-lo, se fosse o caso, o usaria agora, para voltar até a pessoa que o tinha. Sim, o poder de voltar o tempo, assim, como em magia, como nos livros do Harry Potter que você lia aos 15 anos e achava que a vida seria muito mais fácil se pudéssemos enfiar uma dúzia de pessoas em um carro, sair voando e atropelar árvores ou se tivéssemos o relógio que dava as voltas tais que voltariam o tempo na mesma quantidade, em horas. Bem, era mais ou menos isso, tirando o fato de que o tempo não voltava de verdade, o que acontecia era algo mais como anular um instante do tempo e acontecia assim: um olhar, e não estava mais lá. Mas eu o arruinei, essa pessoa que tinha esse poder incrível de fazer desaparecer completamente todos os meus erros. Eu não pude suportar, quando todas as vezes em que eu cometia um deslize, me lançava o olhar. A princípio eu apenas me constragia e tratava de me recompor, lá se ia o meu erro para o nada, junto com ele a raiva, o ressentimento, a tristeza, iam todas se encontrar num lugar que não era. Não era um olhar de repreensão, era um olhar que apenas me indicava o erro. Era um olhar que não se fechava para nada. Em absoluto, nada. Não é que ele fosse perfeito, pelo contrário, cometia muitos erros, e eu nem sempre os tentava ou mesmo queria corrigir, fosse pelo motivo que fosse, o meu olhar era apenas o de decepção, o de reprovação, repreensão, não era do tipo que poderia consertar as coisas, apenas torná-las piores, mais visíveis, escandalosas, dramáticas, angustiantes, terríveis de suportar, causar vontade de não mais existir. E, de alguma forma, eu tive a incrível capacidade em tornar aquela capacidade dele de fazer com que um momento ruim desaparecesse completamente também se tornasse uma dessas coisas que dão vontade de não mais existir. De desistir. Quando aconteceu eu achava aquilo irritante, aquela mania de sempre me tornar melhor, o apoio firme no qual eu podia vacilar com a segurança de que nada desabaria sobre mim, mesmo que eu achasse que devia ou que eu bem merecia, mas aquela atitude irritante a qual eu não conseguia desempenhar, mas apenas o contrário, fez com que ele declinasse cada vez mais e, quando, enfim, desisti dele, ele desistiu de si. Hoje eu sei a definição daquele que nunca se faz de cego para não ver o errado, hoje eu sei que aquilo que arruinei pode-se chamar por herói e a mim a minha atitude, prefiro que chamem de covarde.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

(In)felizes para sempre.

No decorrer de nossas vidas conhecemos muitas pessoas, mas dessas poucas pessoas, só nós dispomos a conhecer, de fato, algumas poucas, por um motivo ou outro que pode ser qualquer motivo realmente, como escolher livros, ou você os lê por indicação, ou se aventura diante da perspectiva que lhe concebe a análise superficial, a capa, a sinopse, as orelhas, os olhos, o sorriso... E por conseqüência são essas as pessoas que vêm a te conhecer verdadeiramente. As pessoas que irão receber o seu afeto. O seu pior lado. As pessoas que irão saber das suas tristezas, pois alegrias dividimos com todos, e tristezas apenas com aqueles que acreditamos que não irão nos abandonar e fugir ao primeiro sinal de desconforto. Curiosamente, as pessoas que derramam as lágrimas sobre os seus capítulos mais sombrios são aquelas que lêem as suas páginas até o final, as pessoas cujas lágrimas não se manifestam, seja molhando nossas páginas ou rolando para dentro de seus próprios frascos, incapazes de se mostrar, mas não de existir, as pessoas que só estão interessadas da certeza de finais felizes, elas não merecem estar ao nosso lado. Merecem apenas aquelas que podemos fazer sofrer. E em um processo contínuo as fazemos sofrer mais e mais, talvez para saber se ainda merecem estar ao nosso lado, se são leais, testamos-nas. Por outro lado, conhecemos também os motivos de agrado, somos tão capazes de recompensar como de testar. O contentamento do leitor advém das lágrimas que sente ao ler um livro até o fim. E o que é pior, afinal? Ter as suas páginas frágeis das lágrimas dos leitores que te acompanharam ou nunca ter sido lido até o final?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Once again with my inspiring muse I lay.

With all this talking about desconstruction and trivialization of art, it's easy to become a frustrated artist. If anything can be observed from such an angle that makes it something worth appreciating and causes feelings, whatever feelings they may be, be they beautiful, tragic, sadistic or naive, but be them feelings which you feel crawling under your skin, anything can be represented in such a way that makes it worth appreciating, it doesn't matter if the word is written, spoken, drawed, coloured, gesticulated, that it express itself in such a way that it may be heard from the ears, from the eyes or that crawls under the skin.

But I can only see the poetry. The poetry of an old man that only hears when it is convenient or from the child that speaks the incovenient which will be conveniently ignored. And conveniently my inspiration disappears when I need her to represent whatsoever may be, that seems to me so worthy of representation, but all I can represent is my pathetic image in a bedroom, sitting in the front of a computer, the screen is clean, the bed occupied, the sheets covering my inspirating muse, the last time I called her she was conveniently sleeping. Shall I wake her like an incovenient child or lay with her and wait for her smile tomorrow or at least in my failed poet's dreams?

Mais uma noite me deito com a musa inspiradora.

Com toda essa história de descontrução e banalização da arte é muito fácil se tornar um artista frustrado. Se toda e qualquer coisa pode ser observada de um ângulo tal que a torna algo digno de apreciação e suscita os sentimentos vários, sejam eles quais forem, sejam belos, trágicos, sádicos ou ingênuos, mas que sejam sentimentos sentidos que se sente revirando debaixo da pele, toda e qualquer coisa pode ser representada de uma forma tal que a torne digna de apreciação, não importa se na palavra escrita, falada, desenhada, colorida, gesticulada, que se expressa de alguma forma e que se faz ouvir pelos ouvidos, pelos olhos ou que revira debaixo da pele.

Mas eu só consigo ver a poesia. A poesia de um velho que só escuta quando lhe é conveniente ou da criança que diz o incoveniente que será convenientemente ignorado. E convenientemente a minha inspiração desaparece quando dela preciso para representar o que quer que seja, que me parece tão digno de representação, mas tudo o que posso representar é a minha figura patética em um quarto, sentada na frente de um computador, a tela em branco, a cama ocupada, as cobertas cobrem a minha musa inspiradora, da última vez que a chamei ela estava convenientemente dormindo. Devo eu acordá-la como uma criança incoveniente ou me deitar com ela e esperar que me sorria no dia de amanhã ou ao menos nos meus sonhos de poeta fracassado?

Perspectiva.

Quando chove, as pessoas se escondem. Elas têm papéis importantes, coloridos, numerados, preenchidos por letras, papeis que não podem molhar. Mesmo quando essas pessoas não estão carregando esses papéis, elas se escondem, elas se acostumaram a esconder-se da chuva, elas têm mil motivos.

- Não! A gente vai ficar doente!
- Deixa de ser boba, parece coisa de avó. Vem, a piscina tá gostosa.
- Não!
- Ai, você está muito chata!
- Chata? Eu estou chata por que não quero nadar com você na chuva?
- É, porque não entra debaixo da chuva, não sai no frio da madrugada, não come doce com as mãos, não pode fazer nada, porque tudo deixa doente ou dá trabalho ou qualquer desculpa.
- ...
- Tem sido um saco, sabia? Eu gostava mais quando você apenas não se importava com esse tipo de coisa.
- Mas é verdade, você sabe que eu não posso ficar doente, eu tenho que traba(Ah, não me venha com esse papo de trabalho, que droga! para que você trabalha, se não pode viver?)... Desculp(Desculpar o quê? Peça desculpa para você mesma)...

E contemplativos permaneceram, ele na piscina e ela de dentro de casa. Então sorriu, tirou sua roupa, se despiu do adulto responsável que havia resolvido representar, e entrou na água preocupando-se apenas com questões como quem consegue dar mais voltas na piscina, sem sair debaixo da água.

No outro dia acordou espirrando. Poderia até ter ficado nervosa e gritar com ele, mas ele lhe fez chá quente para tomar no café da manhã. O chá não ia realmente fazer com que ela melhorasse, mas ele poderia ser servido por mil outros motivos e vários deles valeriam o seu silêncio e alguns até o seu sorriso.

:D

Ao se tocarem, algumas pessoas preferem não dizer nada, porque algumas coisas não fazem nenhum sentido ao serem ditas, apenas ao serem feitas. Algumas pessoas preferem dizer "sim", "não", "mais pra lá", "mais rápido", "está machucando" com o corpo. Às vezes algumas mensagens não são compreendidas, então essas pessoas precisam se fazer entender e isso exige do corpo delas. Fatiga. Não necessariamente de um jeito ruim. O corpo pode se fatigar de um jeito que busca conhecer a si mesmo, e depois, o descanso não é algo que se busca, mas uma recompensa por ter trabalhado o corpo. E em uma cama o corpo de dois homens havia acabado de se comunicar intensamente, buscando compreender a si mesmo e ao outro. E o calor agora não era mais incômodo, pois havia sido recebida a recompensa do conforto.

De qualquer forma, é de conhecimento geral que quando se fica por muito tempo calado, principalmente se esse tempo transcorre na presença de outra pessoa também em silêncio, a primeira coisa que se diz exige um esforço enorme, tanto físico quanto psicológico. A voz encontra dificuldades, as impurezas que se acumulam nos canais que o ar percorre para tomar forma e uma brecha para se infiltrar no silêncio constituído de respiração e outros sons. Se essa manifestação for algo inesperado, a outra pessoa também costuma encontrar muita dificuldade para falar.

- Por qu.. - Essa foi a primeira manifestação, tanto a palavra quanto o silêncio que a sucedeu pareciam incompletos.
-
- ...
- Hm? - Quando o segundo homem percebeu que a frase nunca seria dita, se ele não clamasse por ele, reuniu o seu fôlego para gemer, que era o mais próximo que podia fazer de um "o que você ia dizer?" ou coisa que o valha.
- Por que você nã.. -
- ...
- ...
- Não?
- Hã?
- Por que eu não...?
- Deixa pra lá...
- Por que eu não o quê?
- ...
- Hein!?
- Por que você nunca disse que me ama?
- * - Diferente do vazio ou do silêncio, nesse momento foi expressado que a pergunta foi ouvida e que a reposta existe, mas provavelmente não vai ser dita.
- ...
- ...
- Hm?
- É por que é o tipo de coisa que não vale a pena dizer..
- !! - Esse um momento que não é o vazio, nem o silêncio, mas um momento em que a mensagem foi ouvida e que ela é alarmante.
- Calma! Não é que eu não ame, mas se eu dissesse, faria alguma diferença?
- ?? - Nesse momento a mensagem foi recebida, mas precisa de complemento.
- Se eu dissesse que te amo faria você se sentir mais amado?
- ??
- É que dizer "eu te amo" não é verdadeiro (!!), eu amo, mas dizer não muda isso, nem faz você sentir isso de um jeito diferente ( ). Olha só, algumas coisas só fazem sentido se você as fizer, e toda vez que você se sente amado é muito mais verdadeiro do que qualquer vez que eu pudesse dizer eu te amo (??). É como se eu dissesse toda vez que retribuo o seu sorriso, te abraço, beijo, olho, seguro... (...) eu só tenho que te fazer se sentir amado.
- =)
-
-
- :D

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não quero mais sonhar.

Como pode ser alguém realista e romântico? Me ensinaram que para sempre só dura até acabar e a idade não permite não acreditar em para sempre que não seja eterno, mas só dura até acabar. Alguém me puxe para o lado do aqui ou do aí, que seja o azul, o cinzento e a solidão ou que seja o amor eterno que não se torna abandono e posteriormente cicatriz e que ainda assim não deixa de ser amor. E eu sei que o amor é uma coisa boa, mas viver é melhor que sonhar.

Despertem-me do sono e me façam viver em um mundo que é melhor do que este, a eternidade não funciona para o sim ou para o não. Mas o fazer é do momento e o momento permite escolha e essa escolha pode ser o para sempre de agora e agora pode ser para sempre. Por que ser realista ou romântico quando se pode apenas ser? Alguém me faça ser.

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Coisa rápida correndo só para lembrar que eu acredito em amor eterno de cócoras.

sábado, 13 de setembro de 2008

Controle

Algumas pessoas sofrem mais que as outras, por isso, em relações, há um lado do elo que é mais forte. Há um par de ombros que se molha mais. E os ombros dele eram os ombros molhados, e ela era a garota em seus braços. E ele a levou para ver flores.
- Por que não me deu flores, em vez de me trazer aqui tão longe?
- E era necessário, se posso apenas te trazer aqui para que veja as flores?
- Porque é mais fácil...
- E mais egoísta e compulsivo.
- Tirar a flor? Que diferença vai fazer?
- Tirar algo de seu lugar para apreciar, apenas, e depois jogar fora, ou ainda pior, guardar algo que de nada valerá e nenhum uso terá, apenas por compulsão.
- ...
- Pode guardar apenas a imagem delas em sua mente e se lembrar de como são belas...
- Hm... obrigado.
O lado forte do elo realiza todo o trabalho para que não se rompa. O lado fraco do elo apenas existe, esse é o contrato que estabeleceram quando se uniram. Mas a verdade é que o o lado forte também precisa de ombros para molhar. E quando a garota se vai, o garoto se senta e aprecia as flores. Ele gosta muito delas. Eventualmente arranca uma para si, se odeia por isso, mas precisa dos ombros de alguém.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A corda acabou com o mundo do equilibrista.

Esta é uma história sobre um pássaro que só encontrou prazer ao deixar de voar, um equilibrista que encontrou sua desgraça por nunca ter caído e sobre uma garota que aprendeu sobre o prazer, sobre a desgraça, sobre a vida e sobre a poesia.

Era o dia da partida do circo, mas havia um espetáculo extra, normalmente ele começaria às 20h, mas o sol ainda se espreguiçava, quando uma multidão se juntou para ver o equilibrista executando pela última vez o seu número. Era um fato conhecido que o número do equilibrista suscitava muitos suspiros do público, sua eloqüência era incrível, embora andasse com uma segurança tal qual a certeza que se tem de que algo jogado para cima eventualmente desce, conseguia convencer o público de que estava prestes a cair e das bocas cobertas pelas mãos ouvia-se os suspiros. Dessa vez, no entanto, não dava nenhum indício de que cairia, e as pessoas suspiravam lágrimas convulsivas. Os palhaços choravam e não havia uma maquiagem a ser borrada, porque era manhã, e no alto o equilibrista estava em sua corda habitual, pendendo pelo pescoço. E a garota, que viera contar ao equilibrista que o pássaro mais uma vez poderia voar, e contar aquilo que ele não percebera, contar do seu sorriso, contar do seu amor e de como o teria em seus bra... a garota nada pode fazer, senão se juntar à suspiração coletiva. E ela o fez.

E ela o fez, se juntou a suspiração coletiva, quando o equilibrista subiu na corda. Ele andava com uma segurança tal qual a certeza que se tem de que algo jogado para cima eventualmente desce, mas conseguia convencê-la de que estava prestes a cair e dos braços estendidos em direção ao equilibrista ouvia-se os suspiros. E ele, ao ver os braços estendidos suspirou para si. E ao acabar o seu número convidou a garota para passear, andou equilibrando-se nos meio-fios, bancos, em tudo o que havia para se equilibrar e, no entanto, o sorriso da garota o desequilibrava. Ele por muitas vezes fingiu a queda, mas conquistara a confiança da garota e essa não mais lhe estendeu os braços, apenas sorrisos. O equilibrista subiu em uma árvore, queria que a garota lhe estendesse os braços, mas tudo o que ela fez foi cobrir a boca, quando ele lhe mostrou o pássaro que havia encontrado abandonado e machucado na árvore. A garota levou o pássaro para casa e passou a dedicar a ele o seu afeto todos os dias.

E todos os dias dedicou a ele o seu afeto, sorriu os sorrisos, sorriu as palavras que não disse, sorriu os braços que não estendeu, e sorriu o amor que sentiu. O equilibrista se desequilibrava com o sorriso apenas como sorriso, se ao menos soubesse de todos os outros afetos disfarçados de sorriso, teria ele com certeza ido ao chão antes de executar o seu último número. A garota sorria também a consciência de que a corda era o mundo do equilibrista, que ele a deixaria para ir arrancar os suspiros de garotas outras e passear com elas, e se equilibrar nos meio-fios e bancos delas, e não o culpava, nada é culpa de ninguém, afinal, as coisas apenas acontecem. E aconteceria do equilibrista ir embora. E ela acontecia de estar sofrendo, sorria também o sofrimento, que era para não desequilibrar o equilibrista que zelava por ela. Ela esperaria por ele, quando ele voltasse na próxima temporada talvez pudesse compreender o seus sorrisos.

Quando voltasse na próxima temporada, talvez ele pudesse compreender os seus sorrisos, então ela esperaria por ele. E decidiu não lhe contar nada sobre o equilibrista, porque o seu sofrimento poderia causar vertigens. Como poderia o pássaro voar, se sentisse vertigem. Ela sorriu então a consciência de que o céu era o mundo do pássaro e que ele havia de voar, talvez, até o seu último número. E estendeus as mãos para que o pássaro pudesse voar. Ele não voou.

Talvez o céu fosse o mundo do pássaro porque não havia ninguém para lhe receber de braços estendidos no chão.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sorvete... dessa vez sem chá.

O gato pisava nas telhas e miava, era hora de acordar. A janela e a porta do quarto ficavam fechadas e por anos o leite do gato foi servido logo que o sol nascia, era o horário de acordar para se arrumar para a faculdade, e, todos os dias, sem exceção, o leite do gato era servido nesse horário, havia um bilhete na porta com o desenho de um gato bebendo leite no canudinho, para que não se esquecessem do leite. Eventualmente eles se formaram e passaram a não precisar mais de acordar para ir à faculdade, mas o sol continuou nascendo todos os dias e o gato reclamou o seu leite, nos primeiros dias pulando na cama, então fecharam a porta. O gato passou a entrar pela janela, fecharam-na também. O gato passou a subir no telhado, fazia barulho suficiente para acordar os seus... amigos. Isso porque o gato pertencia apenas a si mesmo, chegara em um dia em que o sol nascera, como todos os outros, e nunca foi embora. Em troca do leite, oferecia sua presença.

E como em todos os outros os dias em que o sol nascera, ela acordou primeiro, mas não se levantou, porque segurava a sua mão. Entretanto, na noite anterior, ela não dormiu segurando a sua mão, diferente de todas as noites em que a lua subira, isso por um motivo simples: ela nem sequer dormiu com ele, no dia anterior, eles tiveram uma discussão feia, diferente de todos os dias em que o sol nascera e a lua subira.

- Bom dia, flor do dia. Hã, me desculpe por ontem.
- Bom... hã, eu preciso te contar uma coisa.
- Hum... passas ao rum ou morango? - aquelas eram as opções de café da manhã do dia, que, como em todos os dias em que o sol nascera, era sorvete.
- Hã... passas... é que...
- Hum?
- Eu...
- ... aqui, toma. - E entregou a ela a xícara. Uma bola e meia de sorvete. Se ela tomasse apenas uma, não seria suficiente, mas se tomasse duas o sabor final não seria tão bom quanto o restante. Uma e meia. E depois era a vez do gato receber o seu café (que era leite) da manhã.
- Eu...t...fraí...ntem - Seria, se a garota não tivesse acabado de roubar o turno do gato derramando o seu café (que era sorvete) da manhã e não estivesse chorando copiosamente e tremendo de uma maneira extremamente preocupante. O garoto teria pedido que ela repetisse, ela costumava pedir sempre, mas sabia que algumas coisas não deveriam ser repetidas.
- Olha só, se eu fosse muito cretino, poderia dizer que não adianta chorar sobre o sorvete derramado, mas, para a sorte de todos nós, eu não sou... Passas ao rum ou morango?
- ...Pára!É...sério.
- Eu também estou falando sério. Passas ao rum ou morango?
- Porquevocêtáfazendoissocomigo!?
- Porque é hora de tomar o café que é sorvete da manhã... o que você esperava que eu fizesse?
- ...
- Que eu te negasse o café que é sorvete da manhã só porque ontem você saiu e entregou o seu cor...
- PÁRA!
- ...para alguém que nem sabe que você prefere passas ao rum à morango...
- PÁRA! - E enfiou as unhas nos braços dele.
- ...só porque eu fui um babaca... iff (o garoto se esforçava nitidamente para não demonstrar que sentia dor)... eu não posso deixar de te servir o café que é sorvete da manhã só por causa disso, porque isso é transformar o efeito na causa.
- Hã? - E afrouxou os braços.
- Se eu nunca tivesse sido um babaca, se eu nunca tivesse te traído sendo um babaca, você não teria feito nada ontem. - E a garota chorava lágrimas para afogar todos na cozinha. E parecia querer ser engolida pelo chão. E desmoronou como se fosse o mundo ao som das sete trombetas do apocalipse. E se arrependeu como se estivesse errada. E estava. - Não posso... não posso transformar o efeito em causa.
E permaneceram os dois, afogados nas palavras que brotavam dos olhos e nas lágrimas que brotavam das bocas. Engolidos um pelo outro. E arrependidos como se não pudessem estar errados... nunca.
- Passas ao rum ou morango? Eu já disse o quanto acho o seu sorriso bonito na luz da manhã? - E desenhou com o sorvete de morango um sorriso no rosto manchado de lágrimas.

O gato não voltou por três dias, mas, quando voltou, encontrou três vasilhas com leite no lugar habitual.

Pertenciam cada qual apenas a si mesmos, por isso tinham de cuidar uns dos outros em todos os dias em que o sol nascia. E em troca, poderiam oferecer para sempre a sua presença.

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Ai, que obsessão maluca.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Você pode me chamar de realista, mas eu não sou o único.

Você pode me chamar de sonhador, mas a verdade é que tudo poderia ser melhor. O que determina um fato? Nossa consciência de que ele aconteceu? Mas nossa memória é falha e quem garante que as coisas que se desenvolveram ocorreram como lembramos e não de outras maneiras? E se ocorreram de todas as maneiras possíveis em vários planos dimensionais existentes e a nossa consciência é estática ou se move entre as realidades próximas seguindo uma equação que determina as possíveis realidades em que se pode transitar, de forma que não percebamos a transição e a nossa memória nunca seja traída de maneiras óbvias? Assim sendo, o número de possíveis realidades é uma grandeza incontável, uma realidade a mais para cada milímetro de movimento, uma diferença sutil constrói toda uma realidade. E mesmo que a perfeição não seja dos homens, há uma realidade, apenas uma dentre todas as quase infinitas realidades, em que todos as ações são tomadas visando o bem coletivo, as sutilezas constroem a estrutura de uma realidade em que todos os homens dividem o mundo, e nessa realidade você me chamaria de realista.

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You may say that I'm a realist, but I'm not the only one.

You may say that I'm a dreamer, but the truth is that everything could be better. What determines a fact? Our conscience of it? But our memory is failable and who could assure that things happened as we remind them and not in another ways? And if they happened in all the possible ways in many existent different dimensions and our conscience is static or if it moves between the realities applying to an equation that settles which are the transitory realities in which our memories wouldn't be obviously betrayed so we wouldn't notice the transition. And so the number of possible realities would be uncountable, one reality for every slightly difference of movement, a subtle difference constructing an entire reality. And even that perfection doesn't belong to man, there is a reality, only one among all the almost infinite realities, in which all the actions are taken in favor of the colletive, the subtle actions constructing the structure of a reality in which all men share the world, and in this reality you would call me of realist.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O titulador.

Tamanha é a satisfação quando se vê um bom título que é quase impossível deixar de pensar que aquilo que recebe o título só pode ser tão bom quanto. O efeito funciona da mesma maneira para títulos ruins, entretanto, os títulos ruins abundam, eles habitam principalmente os filmes da Sessão da Tarde e os do Cinema em Casa, porque aparentemente tradutores se divertem traduzindo títulos que poderiam passar desapercebidos ou até mesmo títulos potencialmente bons de forma que eles fiquem repugnantes, eles também parecem ter a capacidade de usar o mesmo título ruim para vários filmes, modificando a ordem ou o formato das palavras, coisas como O Verdadeiro Amor, O Amor Verdadeiro, O Amor de Verdade e por aí se estendem uma lista infindável de títulos nada convidativos. E é por esse motivo que deveria haver uma pessoa cuja profissão fosse titular, dar título aos filmes, livros, personagens...

Entretanto, tamanha é a decepção quando se vê um bom título desperdiçado em algo que não é tão bom quanto que seria necessário um titulador e um aprovador de títulos, este segundo analisaria a obra que receberia o título e julgaria se ela está apta a recebê-lo. Se esses dois personagens que eu elaborei existissem, o desenho que acompanha A Mansão Foster para Amigos Imaginários com certeza não teria esse nome, que oferece muito mais do que o desenho realmente tem a mostrar. Por outro lado, não seria permitido jamais traduzir Shaun of the Dead para Todo Mundo Quase Morto, um filme tão bom não poderia ser comparado com aquela série terrível de besteiróis estadunidenses, principalmente porque eles não são parecidos, em absoluto.

E imagine só a extensão desses ramos, essas pessoas poderiam trabalhar em cartórios, e, assim, acabariam com os nomes terríveis que colocam nos filhos, coisas como Maricleisson, Eldermiro, enfim... se existisse um titulador, ele poderia até dar um bom título a esse texto. Não que ele fosse passar na aprovação do aprovador de títulos.


A minha lista de bons títulos (para filmes) inclui:
Antes do Amanhecer (Before Sunrise)
Antes do Entardecer (Before Sunset)
Sympathy for Mr/Lady Vengeance
Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera
La Cité dus Enfants Perdus
Dirty Pretty Things
Túmulo dos Vagalumes
Desventuras em Série (A Series of Unfortunate Events)
I'm a Cyborg, But That's Ok
Requiem for a Dream
Sukiyaki Western Django
Thank You For Smoking
V for Vendetta
A Liberdade é Azul
A Igualdade é Branca
A Fraternidade é Vermelha

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A ausência de vazio.

As pessoas que se matam são chamadas de fracas. Diz-se delas que não foram capazes de enfrentar a vida. Mas, se essas pessoas não acreditavam em vida após a morte, se elas acreditavam que seriam engolidas pelo vazio absoluto ou ainda pior, por uma ausência de vazio, um algo que não pode ser representado, porque, se eu deixasse apenas o espaço vazio, ainda haveria ali o espaço vazio. Se essas pessoas se entregaram a isso, ainda assim poderiam ser chamadas de fracas?



Now a major novel in development in this author's mind, near you. Or not.

Sorvete e chá II (desenvolvido).

Atravessamos, eu e ela, a linha que marca os limites entre o escandâlo e a sutileza. É como se tivéssemos percorrido um círculo passando do escândalo para o sutil e finalmente voltado ao ponto inicial que se torna algo inteiramente novo. Acontece que agora não sei mais como prosseguir e eventos inesperados estão acontecendo. Eventos inesperado inteiramente novos, como o grito que ela gritou comigo.

Em algumas culturas, tomar chá é praticamente uma doutrina, uma arte, algo a que as pessoas se dedicam. Para nós, a cerimônia do chá é algo tão sutil que é difícil compreender porque alguém passaria horas apenas bebendo chá, mas para essas pessoas, cada chá tem uma textura e um sabor diferente, eles não parecem água fervendo, se não houver toneladas de áçucar dissolvido. Estávamos então mergulhados no mais sutil dos chás, naquele que é necessário o maior grau de apreciação para desfrutar do sabor, foi então que ela gritou, as ondas sonoras se propagaram naquele oceano de sutileza fazendo-o vibrar, foi assim que eu me senti.

A questão é, eu nunca imaginei que ela fosse gritar comigo, fosse pelo motivo que fosse. Eu imaginei que viveríamos de chá, de sorvete e que não gritaríamos um com o outro. Quando nos conhecemos iniciamos a nossa própria cerimônia, a cerimônia do sorvete, tomamos chá e não gritamos um com o outro. No íntimo da minha ingenuidade, aquilo pareceu ótimo e eu tive a impressão de que a vida seria muito fácil se púdessemos prosseguir daquela maneira para sempre e, é claro, em alguma outra dimensão de possivéis ações e desenvolvimentos, nós vivemos ainda de chá, sorvete e ela nunca gritou comigo, nem gritará, em absoluto. Mas nesta dimensão, e é nesta que se encontra esta minha consciência, ela gritou comigo.

Por quê? Se percorremos todo a parte escandâlo do círculo e ela nunca gritou, por que gritou agora que já conhecemos o sutil?

A nossa cerimônia do sorvete consiste em tomar sorvete e sujar as imediações do rosto do outro com o sorvete. Fizemos isto quando nos conhecemos e pareceu uma boa idéia fazer em todos os dias que se seguiram e para sempre. Percebemos quais eram os sabores de sorvete para se tomar durante momentos alegres, os sabores para os momentos tristes, e surgiram até ocasiões bem específicas, como tomar sorvete céu azul em dias sem nuvens, percebemos também quais eram os efeitos que surtiam ao sujar a ponta do nariz ou a ponta das orelhas, percebemos as diferenças de textura do sorvete de creme e do sorvete de abacaxi com hortelã. Nossa cerimônia se tornou mais sutil e, também, mais mecânica, alguns sabores desapareceram e ela não toma mais alguns dos meus sabores preferidos, nem eu tomo alguns dos dela.

Nos discordamos de muitas coisas, mas brigamos cada vez menos. De alguma forma, me parece que nos desentendemos cada vez mais. A imagem que eu projetava dela se tornou cada vez mais nítida, de alguma forma, não parece mais necessário expor todas as minhas opiniões para ela, ela também tem uma imagem mais nítida de mim. Essas imagens criaram independência e agora não somos nos que as projetamos mais, são elas que vêm até nós para mostrar como são.

Em nossa cerimônia do sorvete, parece ter se desenvolvido de forma semelhante, antes desenvolvíamos nossa capacidade de estimular o outro, agora somos instrumentos para fazer uma série de movimentos mecânicos estipulados e que oferecem um resultado conhecido.

De alguma forma, não nos vemos mais um no outro. Antes, quando moldávamos as imagens, fazíamos alguns ajustes para que ficassem mais do nosso agrado, era brusco, mas parecia necessário, ainda estávamos percorrendo o escândalo, mas quando chegou o sutil, passamos apenas a aceitar as diferenças, embora doesse, parecia necessário.

Como prosseguir nessa segunda volta do círculo da sutileza escandalosa? O que fazem os praticantes da cerimônia do chá quando cada um dos sabores parece escandalosamente diferente do outro?

Quando eu projetava a imagem, era mais fácil me ver nela, afinal, eu é que a desenhava. Não posso mais deixar que essa imagem, que não é ela, nem o que projetava antes, se impor, terei de modificar essa imagem, quando ela vier se apresentar a mim, e ver como ela reage quando eu pinto nela os meus lugares preferidos de sorvete com os meus sabores preferidos de sorvete. E com outros, e com todas as combinações possíveis, até percorrer novamente o círculo e voltar ao ponto inicial, sendo ele um ponto novo, em que as imagens independentes interajam conosco, e não só se apresentem como são. E quando completarmos a segunda volta, que eu não nos acomodemos e encontremos logo um novo jeito de interagir com todas as novas informações e conhecimentos.

E nesta dimensão de ações e desenvolvimentos, voltaremos a viver de sorvete e não para o sorvete, como acontece nas dimensões em que ela nunca gritou comigo e nos nunca voltamos a caminhar no círculo. Ela não gritará mais comigo. E o chá, sempre há espaço para chá.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Você tá bem?

E no instinto mais básico de proteção daquilo que se cativa, o garoto, preocupado, naturalmente, ao perceber toda aquela seqüência de movimentos de sua amiga que só poderia significar "eu estou muito triste", se adiantou e procurou ser reconfortante e, ao mesmo tempo, não cair num lugar comum.
- Olha só, vou te dar um presente-abraço com direito a laço e tudo o mais, você puxa o laço e eu te dou todos os abraços.
- Que laço?
Enquanto tentava desastrosamente fazer um laço com a blusa amarrada na cintura o garoto insistiu.
- Vale pro resto da vida, pode até me ligar no meio da madrugada, eu vou até a sua casa, sem taxa de entrega.
E a garota obviamente percebeu a preocupação do amigo, mas não se deu ao trabalho de não cair num lugar comum.
- Não precisa se preocupar comigo.
- Eu não preciso estar preocupado para te dar um abraço...
- Não, é sério, não precisa se preocupar comigo.
- Tem certeza?
- Tenho.
Então o garoto foi embora, nunca mais telefonou ou ofereceu um abraço. Ele arrumou outra amiga com a qual podia se preocupar em tempo integral e aprender várias maneiras de se embrulhar como presente. A garota morreu de desgosto em pouco mais de uma semana e meia.

Sorvete e chá.

Mal posso acreditar. Estou completamente atordoado, ela gritou comigo, e eu não tenho resposta. Porque, em primeiro lugar, ela nunca grita. E depois, esse frio rodopiante está percorrendo partes do meu corpo em que eu não sabia que poderia sentir frio, quanto mais frio rodopiante, é uma experiência por demasiado complexa para que eu possa senti-la e, simultaneamente, responder. Responder um grito dela.

Achei que estivesse no contrato, nós viveríamos de sorvete, de chá e nunca, jamais, em quaisquer circunstâncias, gritaríamos um com o outro. Eu não li o contrato, só assinei. Mesmo que eu quisesse, aquelas letras eram pequenas demais, eu não conseguiria. Me pergunto se ela se enxerga quebrando um contrato, talvez não. Talvez ela nunca tenha pensado em um contrato.

Quando nos conhecemos não falamos de contratos, eu ri dela, estava com a cara toda suja de sorvete, eu nunca tive muitos pudores, ri dela, mesmo sem a conhecer. Ela também riu, enfiou o sorvete na minha cara, e riu novamente. Depois do choque inicial eu ri também, não estava acostumado a outras pessoas sem pudores. O chá... ah, o chá foi o que nos restou para beber depois que já estávamos com o sorvete cobrindo todo o rosto. E nesse dia nós não gritamos um com outro em nenhum momento. No dia seguinte, tomamos sorvete, chá e não gritamos. No dia seguinte também. E no próximo. Por que haveríamos de gritar um com o outro? Discordamos de muitas coisas nos dias que se seguiram, tomamos muito sorvete e não gritamos. Por que haveríamos de gritar? Brigamos, comemos sorvete, choramos, rimos sorvete, brigamos ao comer sorvete, chegamos a brigar para comer sorvete. Mas nunca gritamos. Nos conhecemos melhor, sabíamos quais eram os sabores preferidos de sorvete um do outro, nossas brigas e discordâncias se tornaram mais sutis, nos tornamos mais tolerantes um com o outro, não sujavámos mais toda a cara, talvez só a ponta do nariz, só o lábio inferior, uma lambida e estava tudo resolvido. A bagunça se tornou sutil e cheia de pudores.

Por que, então? Se a aceito e deixo que seja como é, mesmo que eu não concorde, se passei a sujá-la apenas com o seu sabor preferido de sorvete, se só a sujo onde ela acha gostoso. A sutileza se tornou escandâlo. Está claro que o sorvete de amora é bem melhor que o céu azul, embora esse tenha uma cor muito mais agradável, e o frio da ponta das orelhas é muito mais agradável, como ela pode preferir a ponta do nariz? Escandâlo. Duas bolas de sorvete, essa é a minha resposta, a partir de hoje ela vai voltar a sentir sorvete de amora na ponta das orelhas, e eu terei o céu azul na ponta do nariz, e teremos todos os outros, em todas as partes, uma de cada vez e todas as combinações de sorvete em todas as combinações de lugares, vamos observar o escândalo de cada sutileza. E ela não vai mais gritar comigo, porque vamos voltar a viver de sorvete. E de chá.


Ai, que bagunça de texto... vou deixar a lambança bagunçando tudo aí e tentar fazer virar bagunça bonitinha, depois...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Dos feridos.

A vida não pára? Pois deveria, assim pessoas cansadas, entediadas ou feridas poderiam dar pause e esperar que a vida ficasse minimamente interessante para prosseguir. Certo, talvez a vida não devesse parar, mas talvez as pessoas devessem parar de esperar tanto dos feridos. Se a vida pudesse parar, talvez eu tivesse sido um dos que escolheu esperar, mas isso não era uma opção, então o que eu fiz foi continuar prosseguindo atento para recolher todos os meus pedaços em todas as vezes que eles caíram. E no processo de reintegração dos pedaços ao eu-em-pedaços, eu os relocava, de maneira que ficassem dispostos como os de mais ninguém. Algumas pessoas chamam isso de busca pela identidade, algumas dizes que é só para chamar atenção, a verdade é que mantém as pessoas distantes de mim, é a minha melhor... única defesa. E ao passo em que afasta as pessoas que não podem parar, nem quando estão machucadas, nem mesmo para se machucar, atrai outras pessoas com os pedaços dispostos como os de mais ninguém. Eu me sinto atraído pela disposição incomum de pedaços. E essas pessoas não costumam te obrigar a seguir sempre todos os seus compromissos, elas não te cobram o ritmo do mundo, elas cuidam das suas feridas, aquelas que você carregou durante toda a vida e achou que ainda estariam doendo quando as últimas estivessem frescas, o mundo parece estar sempre pronto para te machucar, afinal. Essas pessoas nem sequer parecem pessoas, elas parecem ser algo bem melhor. Então eu fico confuso e começo a achar que isso é tudo aquilo que eu desprezo, começo a pensar que esse vínculo é um maldito compromisso, que só porque eu posso precisar dessas pessoas a qualquer momento, elas estarão disponíveis a qualquer momento, me esqueço que não posso cobrar delas o meu ritmo. Algumas pessoas dispõem os seus pedaços de forma tão bela que eu quase me esqueço o que as fez assim, belos pedaços de uma tragédia. Aqui estou eu esperando demais dos feridos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

From the Wounded.

Life doesn't stop? It should, so tired, bored or hurt people could just stop, press pause and wait for life to get at least a bit interesting to go on. Alright, maybe life shouldn't stop, but maybe people shouldn't expect too much from the wounded. If life could stop, maybe I would've been some of the people who chose to wait, but that was not an option, so what I did was to keep going on being cautios to gather my pieces in the ground all the times they fell. And in the process of reintegrating the pieces to the me-in-pieces I would reallocate them so they would be arranged like those of anyone else's. Some people call this search for the identity, some say it's just something people do to get attetion, truth is this keeps people distant from me, it's my best... only defense. And as it gets the people who can't stop, not even when they are hurt, not even to get hurt, far away from me it also attracts other people with the pieces arranged like anyone else's. I feel attracted by the unusual arrangement of pieces. And this people most likely won't obligate you to never abide to your appointments, they won't have you running in the rythm of the world, they treat your wounds, those which you beared for all your life and thought would still be aching when the last ones would be fresh, for it seems the world is always ready to hurt you. These persons doesn't even seem to be persons, they seem to be something entirely better. So I get confused and I come to think that this is all that which I despite, I start to think that this bound we share is some kind of freaking appointment, that only because I may need these people anytime, they will be available at anytime, I forget that they don't run in my rythm. Some people arrange their pieces in such a beautiful way that I almost forget what made them like that, beautiful pieces of a tragedy. Here I am expecting just too much from the wounded.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Fizeram com as unhas.

- Nossa, tô me sentindo até meio mal agora por só ter pensado isso depois de ver as suas unhas.
- Tá tudo bem.
- Mas eu nunca tinha visto nenhum homem hétero com esmalte vermelho, não.
- Não é vermelho, é Gabriela! nessa aqui ó - disse o garoto ao passo em que estendia a mão esquerda - é Deixa Beijar. Hahaha, vou usar sempre, agora, só pra falar o nome.
- Como é o dessa aí?
- Deixa Beijar.
- Hahaha, eu tenho um Volúpia, Atração Fatal...
Isso foi o ínicio de tudo, o dia da recepção dos calouros na universidade. Alguns copos de vinho baratézimo depois e a garota estava chorando pelos cantos e se comportando como uma bêbada estereotipada. Algumas semanas mais tarde haveria um feriado na sexta, no dia anterior eles almoçaram juntos.
- Ai, não queria que tivesse feriado amanhã. - Disse a garota
- Hm, por quê?
- Porque todo mundo da moradia vai viajar e eu vou ficar sozinha lá.
- Dá uma festa!
- Pra quem?
- Pra mim, ué.
- Haha, quer fazer as unhas?
- Pode ser.
Eles fizeram as unhas. Foi assim que o garoto conseguiu aquelas cicatrizes nas costas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Did you forget to take your meds? (Placebo)

Eles entenderam tudo errado. Não foi para que sentissem pena de mim por ter tentando me matar, mas por ter tentado viver, se eu quisesse me matar de verdade, não teria apenas trancado a porta, se eu quisesse me matar de verdade, eu teria deixado a porta aberta, teria deixado a janela aberta e teria me atirado por ela, e não tomado um monte de remédios para dormir, para dor de cabeça, para mal estar. Se tomei um monte de remédios para dormir, é porque tenho insônia, se tomei remédios para dor de cabeça, é porque minha cabeça dói e se tomei remédios para mal-estar, é porque não me sinto bem. Por que os remédios não resolveram os meus problemas?

Agora todos me dizem "olha, a gente tá aqui, viu? Se precisar de qualquer coisa, a gente tá aqui. A gente gosta muito de você, continua sendo essa pessoa especial que você é", essa última parte eu já havia escutado antes, mas o que a antecedia era um "feliz aniversário", todos ficam repetindo isso. Minha cabeça começa a doer novamente. As pessoas me dizem isso em todos os lugares que vou, a família diz, as pessoas na faculdade, e eu nem conheço a maior parte delas, mas elas também me diziam para ter um feliz aniversário. Eu me sinto mal novamente. Volto para casa e não consigo me lembrar o que no dia valeu a pena. E embora ficar acordado não valha a pena, não consigo dormir. Acho que preciso dos meus remédios novamente, talvez eu melhore dessa vez. Talvez alguém devesse mentir pra mim, me dar balinhas e dizer que eram os remédios, efeito placebo, o problema estaria resolvido.

International Unity of Measurement

Important message: time will be the unity of measurement of everything in the tridimensional existence, we perceived that not only wine, but everything can be valorized over time. It won't be a hard adaptation, many things are being non-officialy measured by time for quite some time, maturity and skillfulness are just a few of them. From now on, artwork and argument won't need to be put on discussion anymore, analyzing the time of practice and lifetime, respectively, of their authors shall be enough to know which is best. Be aware of any impostors that might plead they put all their soul into any doing, if it doesn't have time, it's not valid.

Art for art's sake.

"Can you take this..."
"Good night, mister" interrupted the doorman in an extremely unpleasant tone. Odds are that the habit of greeting everyone with a good morning, day or night got out of use when a man perceived he would have one of his arms much more stronger than the other, if he had to take out his hat for every single woman that passed by, unless he switched between arms. It is also a fact that the job of a doorman is ungrateful, lots of time for little money, so it's acceptable to the doorman to be upset.
"Uh, good night, I wanted to send these up to the 1922"*
"Why?"
"Excuse me?"
"Why do you want to send the cushions?"
"I can't understand what you mean..."
"Mister, if you want to send the cushions, you must have a purpose"
"Purpose? They are just cushions, they're going to be there..."
"No way, mister, they can't just be there. Lemme see these cushions, mister" and so the stripped cushions were handed to the doorman, black and white and black and white. The doorman looked at them carefully. "What do the stripes mean, mister?"
"Nothing, for Christ's sake, they are just cushions!"
Improvisating didn't occur to the man, it wouldn't be hard to do it. He could always say the cushions would oppose the harsness of the office desk chair, an antithesis, he could say the contrasting stripes represent the eternal duality of man, he could just say they would match the walls, after all they were black and white, and people are always saying black and white match all the other colors.
"Mister, I'm going to repeat this only once, the cushions go up only with a purpose."
"What the fuck! You must be kidding me... How do I speak with your boss?"
"These are orders from the tenant, mister, If I send them up and the tenant complain with the boss, I can even lose my job."
"From the tena... no shit, let me speak with Conrad!**"
"Can I know your reasons, mister?"
"I've already said, holy fuck, let me speak with Conrad, quick!"
And then a man appears at the entrance hall.
"Hi there, Gautier, fancy that, wait just a minute... and the cushions, did you brought them?"
"Well I brought, but this lunatic doorm..."
"Kafka, have any papers arrived?"
"No, mister Conrad, but this sir here wanted to send to your apartment some cushions, but I didn't allow it"
"It's ok, Kafka, the cushions are going to match the walls and the papers are from the Deny the Art for Art's Sake, no metric, free verses, everything in the expected."
"Alright then, mister Conrad"
"So, Gautier, do you want to go up for a cup of coffee?"
"I would certainly like that"
"Good... and what would be the purpose of this cup of coffee?"
"Excuse me?"

Frozen happiness(?)

To think that someday we criticized people who tattooed the name of their boyfriends and girlfriends in their legs, arms and breasts. It sounded so ridiculous to make a laser surgery to erase the letters burning in the skin. I wish all those photographies albuns would burn, all those photographies in which I don't seem to be so lonely. Don't misunderstand me, darling, I would give all this insignificant thing we call existence, all the space-time to live every single one of those moments only once, so I wouldn't turn your smile into those tears that fall from my face messing your make-up. I would give everything to live every moment only once, so your smile wouldn't ever seem to be from mocking me. And this pain, my love, I don't throw away because I'm afraid of only having this lonely me, I'm afraid of never holding you again and it doesn't seem to be another way.

Guerra de susto

- Que que a gente vai fazer?
- Brincar de guerra de susto.
- Como é?
- ...
- ... Alô?
- ...
- ...
- BU!
- AH!
- Tô ganhando!

Domingo, 23h20, o tédio reina soberano.

Sr. e sra. Sarcasmo

- A Carolina dormiu aí?
- Dormiu sim.
- Quem é Carolina?
- É a namorada dele.
- Já foi embora?
- Já...
- E o esmalte vermelho que você estava ontem?
Nesse momento o garoto cogita a mera chance de explicar que aquilo não era vermelho, era gabriela, o que é um ótimo motivo para toda e qualquer pessoa usar esmalte, mas com todo o convívio que ele já havia experimentado com a família, não valeria a pena. Ele apenas mostra as unhas que são acompanhadas de um "já tirei". Como não podia deixar de ser, aquela tia que fala mais alto do que qualquer tia, mesmo quando todas estão falando ao mesmo tempo, se pronuncia.
- Olha, eu não quis falar ontem, não, mas esmalte, e ainda mais vermelho, é coisa de viado!
O garoto se encontra agora em um momento em que é impossível se fazer ouvir. Ele poderia dar motivos mil para estar com as unhas pintadas, embora nenhum fosse melhor do que estar com as unhas pintadas de gabriela. Entretanto, ele sabe que nada que ele dissesse faria surtir algum efeito. A família, que aliás nem era dele, à princípio, já está por demais entretida com o tópico homossexuliadade, ou melhor, como é decepcionante ter um filho homossexual. Todos eles sabem que é muito decepcionante, embora nenhum deles tenha de fato um filho homossexual, não que eles saibam, pelo menos. O garoto decide que é um bom momento para ir embora quando eles estão dizendo com convicção que é muito mais decepcionante ter um filho drogado.
Enquanto as vozes se distanciam, o garoto faz as contas de quantos primos nunca lhe ofereceram drogas. Fossem quantos fossem, era um número muito menor do que o de primos homossexuais. Ah, se ao menos a família soubesse (e de fato sabia) seria uma decepção. O que é que eles estavam discutindo mais cedo, mesmo? Ah, sim! Sobre a mudança do sobrenome para conseguir cidadania estrangeira... talvez ele devesse mudar para sarcasmo.

Arte pela arte.

- Manda essas...
- Boa noite, senhor. - interrompeu o porteiro com um ar extremamente desagradável. A verdade é que o hábito de cumprimentar as pessoas com um bom dia, tarde ou noite se perdeu desde que o homem percebeu que se tivesse que retirar o chapéu para cada mulher que passasse, ele teria um braço muito mais forte que o outro, a menos que revezasse. Também é um fato que ser porteiro é um trabalho ingrato, longo e mal pago, não era de se esperar que ele fosse gentil.
- Ã, boa noite, eu queria mandar essas almofadas pro 1922.
- Por quê?
- Oi?
- Por que você quer mandar as almofadas?
- Eu não tô entendendo...
- Senhor, se você vai mandar as almofadas você precisa de um propósito.
- Propósito? Ué, são almofadas, elas vão ficar lá...
- Nada disso, senhor, não podem só estar lá. Deixa eu ver essas almofadas aí, senhor. - E então foram entregues as almofadas listradas, branco e preto e branco e preto. O porteiro as observou com algum cuidado. - O que significam as listras, senhor?
- Não significam nada, pelo amor de Deus, são só almofadas!
Não ocorreu em nenhum momento ao homem improvisar, não seria difícil. Ele poderia dizer, por exemplo, que as almofadas eram o contrapeso da cadeira dura do escritório, uma antítese, poderia dizer que as listras contrastantes representavam a eterna dualidade do homem, ele poderia dizer que elas iam combinar com as paredes, eram pretas e brancas, afinal, dizem que preto e branco combinam com todas as cores.
- Senhor, eu vou repetir mais uma vez, as almofadas só sobem se tiverem um propósito.
- Porra, cê só pode tá brincando comigo... como é que eu falo com o seu patrão?
- As ordens são do inquilino, senhor, se eu mandar e ele reclamar com o patrão posso até perder o emprego.
- Do inqu... puta que pariu, chama o Quintana aí.
- Posso saber o motivo?
- Já falei, porra, chama logo o Quintana!
Eis que nesse momento entra um homem na recepção do prédio.
- Opa, Olavo, que coincidência, só resolver uma coisa aqui... e as almofadas, trouxe?
- Trazer eu trouxe, mas esse porteiro malu...
- Seu Andrade, chegaram aí uns papéis pra mim?
- Não, senhor Quintana, chegou papel nenhum aqui não, mais esse senhor aí trouxe umas almofadas que eu não deixei subir não.
- Pode liberar, seu Andrade, as almofadas vão combinar com a parede e os papéis são do abaixo a arte pela arte, tudo fora de métrica, os versos não são rimados, tudo dentro dos conformes.
- Tá certo, seu Quintana.
- Então, Olavo, quer tomar um café?
- Hum, vou aceitar sim, Quintana
- Tá certo... e qual é o propósito desse café?
- Oi?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Da honra.

Para a maior parte das pessoas isso pareceria insensato ou mesmo insano, mas para um dançarino que torce o pé durante um espetáculo, dançar até o fim, executando todos os movimentos com maestria e dissimulando a dor num sorriso, se assim for necessário, mesmo com o peso da contra-indicação de todos os seus companheiros dançarinos e do seu próprio instrutor, é apenas uma questão de honra.

Talvez esse texto se desnvolva mais.
Talvez ele fique melhor assim.

A propósito, este é o meu lado romântico, uma espécie de conduta samuraica aplicada à vida ocidental. Eu suspeito que ela não exista fora da minha cabeça.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Engano #54

Este conto, como a vida, começa no amor e termina na morte. O sarcófago é um bar temático, iluminado por velas e lustres decadentes, decorado por manequins monstruosos e os drinques parecem escuridão líquida, eles também têm gosto de escuridão, enfim, um lugar ideal para se pensar em algo sombrio.
- Vou juntar um dinheiro e viajar por aí, queria ir pra Europa, mas não sei, é muito caro. Depois, quando o dinheiro acabar, vou me matar. - Carolina é uma adolescente sentimental, vinda de uma família problemática, o tipo de pessoa que sofre por todas as gaivotas que tiveram a infelicidade de conhecer o petróleo - condições ideias para se ter idéias sombrias.
- ... - Yuri é um garoto não muito diferente de Carolina, gostaria de apreciar todas as coisas na vida que são feitas com paixão, mas por outro lado, não tem muitos amigos e está por demais apavorado para dizer alguma coisa. Mas consegue erguer as sobrancelhas.
- Que foi?
- Mas cê não precisa se matar, precisa? Quero dizer, cê pode arranjar alguma forma de conseguir dinheiro enquanto viaja, é só aprender algo, malabarismo, sei lá...
- É, talvez...
Talvez não é o tipo de resposta que agrada, quando a questão a morte deliberada de uma pessoa. Por isso um pouco de preocupação se ocupou da cadeira da dita Carol, quando a mesma foi embora. A preocupação não seria tão espaçosa em circunstâncias comuns, aquele tipo de conversa não era assim tão rara, mas desta vez eles estavam viajando e a garota não estaria simplesmente voltando para casa, ela estava indo para outra cidade, supostamente iria se encontrar com a família e ir para um fim de mundo onde moram as avós e o leite de vaca.
Como é a embriaguez de uma bebida que tem gosto de escuridão? Era o que Yuri estava prestes a descobrir. Quando abriu a carteira para verificar com quanto podia contribuir para a brincadeira que a mesa estava promovendo - qualquer coisa relacionada a bebidas alcóolicas e revelações da vida sexual dos participantes - a iluminação confusa do lugar fez com que um pedaço de plástico rasgado - era uma carteira velha - se parecesse com um bilhete de suicídio. Obviamente o plástico parecia apenas papel, mas na mente desesperada do garoto as linhas já eram lidas mesmo antes da constatação do engano.
Ele tinha que sair dali imediatamente, talvez pudesse encontrá-la na rodoviária. Havia uma linha turística que percorria a estrada real que levava a várias cachoeiras, se não a encontrasse pegaria este ônibus e seguiria a estrada, perguntaria pela menina de cabelo roxo pelas cidades em que passasse, não há muitas meninas de cabelo roxo em cidades do interior. Precisaria de dinheiro, sabia desenhar um pouco, muito pouco, mas talvez conseguisse alguma coisa com isso. Seguiria os rastros deixados, cidade após cidade, dormiria em bancos, se fosse preciso, tinha de encontrar a garota dos cabelos roxos e convencê-la, ele era esse tipo de pessoa. A encontraria observando uma cachoeira, não a mais bela ou a mais bonita, mas a que tivesse uma árvore especialmente charmosa bem próxima de sua queda ou uma formação de pedras em que se pode ver um cachorrinho, apenas se observadas por um ângulo muito específico por alguém de imaginação muito fértil, ela era esse tipo de pessoa.
- Não pode se matar, eu te amo!
- Então por que não me deixa ir?
Embora parecesse um franzir comum das sobrancelhas, elas diziam "porque amo mais o amor pelo amor que sinto por você". Talvez não fosse o suficiente para entender a resposta e talvez não é agradável, principalmente quando se trata da morte deliberadamente de alguém. O garoto tentou responder de outra forma, entrou na queda da cachoeira. Ele não sabia nadar.
Tocou o plástico finalmente, seus amigos já haviam decidido o drinque que iriam tomar, constatou o engano. Na cadeira ao lado, a prévia-preocupação-agora-amor-que-se-sente-pelo-amor estava ainda sentada. Mais uma vez constatou o engano. No sarcófago não havia uma queda de cachoeira onde se matar, mas, infelizmente, era um local propício para se ter idéias sombrias. Mais um engano.

domingo, 27 de julho de 2008

Do porque não dividimos mais bancos.

Foi-se o tempo em que um banco de praça era dividido com um estranho, atualmente, quando se senta com alguém em algum banco, é com alguém que você já conhece e que, muito provavelmente, está com você. Não vejo o porquê de tal fenômeno. É muito mais engraçado sentar-se com a sua namorada em um banco já ocupado e afugentar os ocupantes prévios. Mesmo a cena do garoto em um extremo do banco, da garota no outro extremo e, no meio, um misto de timidez com polidez social sentado como uma terceira pessoa (quando um dos dois coloca a mão no meio do banco, pode-se sentir o colo dessa terceira pessoa) ainda funciona perfeitamente na minha cabeça. Aliás, com toda essa contemporaneidade, não importam muito os gêneros das pessoas sentadas. Posso ver claramamente, o menino já está lá, então a garota se senta, alguém tem que dar um primeiro passo. Agora são três no banco e eles trocam olhares furtivos. A garota da direita se finge de desinteressada e a da esquerda é mais ousada, se aproxima levemente dë meninë desinteressado, agora verificando algo em sua mochila. Da mochila do garoto sai um lenço branco que, numa atuação terrível, ele deixa cair no chão. O garoto ousado, que à essa altura já estava com o braço escorado no enconsto do assento, pode ver claramanente no lenço caído letras grandes num tom de verde-limão-cegante que despertaria o horror em qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto os dizeres: "eu vô". Nesse momento a terceira pessoa se levanta e vai embora, talvez haja algum banco vazio na praça.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A arte de profetizar o óbvio.

Acho que me foi revelado através de sonhos que eu tenho vocação para ser jornalista do super. Acordei pela madrugada dizendo: o bispo-tal-de-nome-alienígena fundou uma nova religião (também alienígena), sabe o tipo de grupo que venera uma raça alienígena que virá e levará os escolhidos (drogados) para um lugar melhor. Eu disse apenas até o "nova religião", mas, é assim nos sonhos, você sabe das coisas mesmo que ninguém tenha dito. Resolvi que seria bom levantar e ir andar de bicicleta enquanto o sol não nascia ou, melhor, enquanto o sol nascia. Dormi de novo. Acordei pela manhã dizendo: o rei da guitarra declarou que este país precisa de riffs melhores. Mais tarde, quando contei o fato a um amigo, ele entendeu "hippies" e eu mesmo fiquei na dúvida, minha audição é péssima. Seja como for, concordo com o rei da guitarra, quem quer que seja. Talvez eu devesse me dedicar a alguma atividade espiritual, talvez eu devesse me dedicar a música, talvez eu devesse parar de dormir tanto, quando eu dormia de quatro a seis horas por noite/escola eu era uma pessoa menos perturbada.

Life Collector

A Collector is anyone who is insanely-obsessive for something, it can be anything, it can be really anything. It's one of those things everyone does in one stage of their lives (the snack's industries makes a lot of money, thanks to that) there is this idea that is the kind of thing you have to do to die assured that you lived, like playing a random strip game.

Collectors would let go of all their dignity [aka money] and money to obtain the items of their collections. I am a collector and fortunaley I do not have to spend a fortune to obtain the items of my collections: random photographies supposed to be cute and random book passages supposed to be cute. I use the photographies to mark the books I'm reading, I could use them to mark only the supposed to be cute parts, but I don't have photographies enough. And, actually, I don't need to mark the books I'm reading, because I do remember the page in which I stopped by memory, but it is somehow poetic to mark the page of a book with a marble sidewalk or with an eternal-smile. Of course, it would be even better if I could mark the pages with smileys-smiles, of these I'm a well succeeded collector.


Será que consigo ser um tradutor bem sucedido de mim mesmo?

Ambulofobia

Acordei. Detesto esse momento, eu poderia passar o resto do dia dormindo. O resto dos dias. Qual é o objetivo de me levantar e andar mesmo? Me encontrar com um monte de pessoas que vestem as mesmas roupas, porque têm medo de estarem fora de moda, que escutam as mesmas músicas, que cumprimentam os mesmos cumprimentos, tudo isso por ter medo da rejeição. E a maioria delas nem sabe disso. Também, como haveriam de saber? Não há absolutamente nada na parte de dentro. NADA!

Todos temos medo. Eu tenho muito medo. Um amigo meu tem muito medo, certa vez ele foi assaltado, eram dois caras e um deles estava armado, mas eles provavelmente tinham mais medo do que meu amigo, estavam completamente fora de controle. Ele atacou os assaltantes e espancou os dois, tudo isso por uns papéis coloridos, é esse o tipo de incentivo que um ser humano tem para enfrentar seus medos hoje em dia. Mas o meu amigo ainda tem medo, ele anda na rua e a cada malaco ele enxerga aqueles dois assaltantes e dessa vez eles não vão pedir dinheiro, vão reconhecê-lo e furá-lo que nem uma peneira, é como eles dizem. Muitas pessoas têm medo de lugares fechados ou de multidões, mas está tudo bem, elas podem apenas optar por fugir dos seus medos. Elas podem apenas ser assaltadas em todas as vezes, afinal, são só uns papéis coloridos.

Ainda estou deitado. Eu acabo me levantando todo dia, é um processo difícil, mas eu passo por ele sempre, no início parece que vou ter uma crise, mas hoje consigo me controlar... evito de ficar muito tempo sentado ou deitado, quando estou fora de casa, aqui as pessoas acabaram aceitando o meu medo, mas e lá fora? Lá fora, se eu tiver uma crise dessas, vão achar que sou louco e rir de mim, é assim que o mundo faz. O meu medo é mais ridículo que o seu, esse é o critério. Eu levanto e ando todos os dias, a cada passo tenho que enfrentar um cano gélido apontado para a minha cabeça por pessoas que só estão fazendo isso porque foram dominadas pelo seus medos, eu bato nelas, as soco e chuto, a cada passo. E vocês? Um pé de cada vez, cada passo menor que a perna. É o tipo de resposta que recebo. É o tipo de resposta que todos vocês covardes me dão. Posso ter medo de andar, mas não tenho medo de ser diferente de todos vocês, não... disso eu tenho orgulho. Quando estou me dirigindo para dentro de mim, consigo até correr. Vocês conseguem pelo menos engatinhar? Pelo menos se arrastar?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Abstinência.

Se o meu F5 pudesse gritar, ele estaria fazendo isso. Há duas horas ele não é usado uma só vez, deve estar passando por uma crise profunda de rejeição.

Eu posso gritar e é o que eu estou fazendo. O orkut disse que os perfis ativos não correm risco, mas eu não sei, tenho aquele álbum sacaneando com eles, acho que eles vão levar pro lado pessoal... e eu só queria ser engraçadinho. Bom... perdi o carregador do celular, então quem quiser falar comigo entra na sintonia 업데이트소식 이벤트소식 e manda um bip.

Mal me quer.

Eu costumava adorar surpresas, até conhecer a aranha-caranguejo. A aranha-caranguejo é um pequeno ser levemente transparente que vive dentro de flores brancas, flores amarelas e flores flores daquelas que abelhinhas se aproximam para tirar mel ou do qual pessoas se aproximam para deleitar-se com o perfume.

Algumas pessoas são como flores das quais nos aproximamos para sentir o perfume. Algumas pessoas são melhores ainda do que apenas perfume, nos aproximamos dela para produzir mel, razão de nossas vidas de pessoas operárias. E enquanto estamos lá nos dedicando à única atividade que faz sentido em nossas vidas, somos atacados por uma maldita aranha-caranguejo. Nesse momento nos descobrimos aracnofóbicos. É porque não recebemos ainda a surpresa: a aranha-caranguejo é uma aranha versátil em filha-da-putice, ela não necessariamente prende suas presas em uma teia, como de praxe, porque, nesse tipo de ocasião, ainda haveria uma chance ínfima de fuga. A aranha-caranguejo atrai suas presas para um líquido qualquer e as observa afogar. Você é uma abelha operária aracnofóbica e suas asas estão molhadas, você não pode voar e há uma aranha observando você morrer afogada dentro de uma flor. Talvez você tenha esperança de que a aranha, como parte da bela flor que outrora lhe fora o sentido da vida, lhe salve da morte, ela poderia te ajudar, ela poderia estender apenas uma das suas oito patas. Mas ela apenas observa você morrer.

Mendigo #152

- 'Cê já beijou boca de viado!? - Eis que, por meio de brotação, surge um mendigo, em um local onde antes havia apenas a calçada suja e o ar poluído da cidade.
- Não! (na verdade já, mas que diabos???) - O mendigo sucedeu em chamar a atenção de toda a roda em que se encontrava o tal menino contando uma de suas seqüelas em forma de história.
- Mais eu ouvi você falando aí que beijou boca de viado! - O mendigo é uma daquelas pessoas que deve dizer bom dia berrando.
- ... hein!? - Na roda, antes do fato bizarro, contava-se uma história não menos bizarra do dia em que o garoto, alvo da pergunta, acordara no carro do juizado de menores e que o filho da puta do promotor contara ao seu tio que ele estava beijando boca de viado.
- 'Cê falou aí que beijou boca de viado! - O mendigo falava com uma indignação tal como se tivesse beijado o filho dele (assumindo que ele era preconceituoso, que era o aparente), sei lá.
Houve uma pausa em que os mendigos murmuram um monte de coisas imcompreensíveis, não se a minha audição que é ruim, mas isso sempre acontece. Neste momento o garoto pensava em todos os outros mendigos pelos quais fora abordado.

Houve o mendigo poliglota. A princípio ele e seus amigos apenas acharam que ele só sabia dizer "light my fire", mas após algumas frases em francês o mendigo ganhou crédito total e muito possivelmente alguns trocados. Em uma dessas vezes um aleatório apontou para seu amigo e disse "Sócrates!", apontou para ele "Aristóteles" e finalmente para a garota que estava com eles, parou um um pouco e ficou pensativo, finalmente disse "Camila! Essa menina é de ouro, tomem conta dela!". Agora o garoto interpelado pelo mendigo pensava que Camila estava para a história da filosofia como o beijo que ele havia dado em viado estava para o mendigo.

- Não, não... não beijei viado nenhum.
- Pô, mas o cara pinta até... - Nesse momento chega-se a conclusão de que o mendigo só passou por essa abordagem bizarra por não saber dizer "come on baby, light my fire."

sábado, 19 de julho de 2008

Produção em massa.

É inevitável, toda produção em massa acaba gerando muito mais produtos ruins do que produtos bons, o mundo está aí e não me deixa mentir: filmes hollywoodianos, animes, novelas da Globo, novelas dos outros canais, piadas do meu pai, sanduíches do mcdonald's, pessoas... enfim.

Melhor parar de escrever por uns tempos, né!?

Colecionando vida.

Colecionador é todo e qualquer sujeito que é maníaco-obsessivo por alguma coisa, pode ser qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. E é uma daquelas coisas que a maioria das pessoas faz em alguma parte da vida (muitas empresas de chipes faturam, graças a isso), há uma idéia de que é o tipo de coisa que você tem de fazer para poder morrer seguro de que viveu, como jogar strip-jogo-aleatório.

Colecionadores abrem mão de toda a sua dignidade [a.k.a. dinheiro] e de seu dinheiro para obter as peças que colecionam. Eu sou um colecionador e, felizmente, não tenho que gastar fortunas para obter os itens das minhas coleções: fotografias aleatórias supostamente bonitinhas e trechos aleatórios supostamente bonitinhos de livros. Eu uso as fotografias para marcar os livros que eu estou lendo, eu poderia marcar apenas as partes legais com elas, mas não tenho fotografias o bastante. E, para dizer a verdade, não preciso marcar as páginas dos livros, porque consigo me lembrar de cabeça, mas há um quê de poético em marcar a página do livro com uma calçada de bolinhas de gude ou um sorriso-eterno. É claro, eu gostaria muito mais de marcar as páginas com sorrisos-sorrisos, desses sou um colecionador bem sucedido, afinal.

Este texto foi baseado em fatos reais.

Com um beijo no final.

É o tipo de coisa que se ouve em mesas de buteco, os seus amigos sempre viveram histórias mais legais que as suas, histórias que poderiam virar filmes. Mas a sua vida, bem, se fosse um filme, seria um daqueles em que você dorme e só consegue se lembrar da cena mais ridícula, alguma coisa do tipo dei-tchau-pra-pessoa-do-outro-lado-da-rua-e-trombei-com -um-poste. Mas eu finalmente vivi a minha história, a minha história que poderia ser um filme.

A maioria das pessoas não sabe, mas, se você está entrando em pânico, não pode deixar o pânico estampado no seu rosto (:D), principalmente em uma boate. As pessoas não querem conhecer pessoas em pânico, as pessoas querem conhecer pessoas dançantes e disponíveis. Mas aquela cara de pânico não era do tipo de pânico tem-um-homem-três-vezes-maior-que-eu-me -empurrando-pra-parede muito comum em boates. Era uma cara de pânico de alguém que não sabia se estaria em pé nos próximos segundos. Provavelmente eu já estaria morto, se em todas as vezes em que fiquei bêbado além do limite tolerável não houvesse alguém para me ajudar.

As luzes provavelmente me deixavam tão tonto como ela, eu não gosto de boates, eu não sei dançar e os meus amigos e a minha namorada não se importam se eu não danço: eles dançam. Eu tentei falar com a garota, falei que ia pagar a conta dela, nesse momento me esqueci que a cartela dela deveria estar completamente preenchida. A cartela dela estava completamente preenchida. Eu não tinha tanto dinheiro, para dizer a verdade, eu mal tinha dinheiro para pagar a minha cartela e voltar pra casa. Mas havia uma outra cartela de uma tal Luiza Guimarães e ela não havia bebido nada. Eu sabia que a tal Luiza iria se foder bonitamente se perdesse a sua cartela, mas se a garota estava acompanhada e a sua companhia estava muito ocupada para ajudá-la, ela merecia se foder bonitamente... aliás, qualquer um que viu a situação da garota e não foi capaz de fazer nada merecia.

A garota precisava de glicose. Eu não sei porque as pessoas precisam de glicose, quando bebem. A primeira coisa que fiz, quando escolhi o curso do vestibular, foi ignorar todos os cursos em que havia biologia. Mas eu sabia que a garota precisava de glicose. Eu não tinha dinheiro para obter uma barra de chocolate, mas isso nunca me impediu antes. No início eu apenas enfiava a barra na mochila e saia tremendo como se tivesse parkinson, mas uma vez eu fui pego, o segurança me deixou ir daquela vez, ele disse que ele só deixaria daquela vez. Eu não deixei que se repetisse, passei a fazer com que as coisas que eu roubava parecessem minhas, os seguranças só procuram por coisas roubadas. Normalmente eu comprava uma coisa em outro estabelecimento e usava a nota fiscal para sair com o mesmo produto, mas essa tática requeria um investimento financeiro que eu não podia fazer. Então nos sentamos em frente ao supermercado e esperamos. Não demorou muito, muitas pessoas precisam de glicose aos finais de semana e logo saiu um cara, eu podia ver, dentro de sua sacola, duas barras de chocolate. Ele jogou a nota fiscal no chão, assim que saiu do supermercado. Eu não gostava daqueles chocolates, mas pelo menos ele não havia jogado a nota no lixo.

A garota me abraçou e dormiu, não sei como ela conseguiu caminhar até o ponto de ônibus, era uma distância considerável para se percorrer, e ela estava dormindo. O ônibus só passou depois de três horas. Ela não se moveu sequer uma vez. Também não consigo compreender como ela se locomoveu do ponto até o ônibus, mas, de alguma forma foi feito. Posteriormente o mesmo processo ocorreu do ônibus para uma das camas vazias do meu quarto. Meus irmãos estavam viajando. A garota não disse uma palavra. Não foi ao banheiro, não escovou os dentes, não bebeu água. Ela dormiu durante 15 horas seguidas. Eu dormi durante 15 minutos, minha casa estava em obras e os pedreiros decidiram que aquele seria um ótimo dia para usar a marreta. Eu passei o dia todo observando a garota dormir, cogitei seriamente a possibilidade de me atirar ao pescoço dela, mas se nada havia acontecido até agora, muito provavelmente não aconteceria. Além do mais, ela estava naquela boate, provavelmente era lésbica.

Quando a garota finalmente acordou, não fez nenhuma pergunta. Acho que ela teria perguntado onde havia um espelho, se não houvesse um bem a vista, porque a primeira coisa que ela fez ao acordar foi se colocar em frente a ele e se maquiar. Depois ela se colocou em frente a mim e ficou na ponta dos pés. Eu fechei os olhos, alguma coisa, afinal. Quando abri os olhos a garota já havia me dado as costas e uma mancha na ponta do nariz, e, é claro, aquele impulso que se tem de levar a mão a um lugar que acabou de receber uma marca colorida de boca. Essa é a parte em que os créditos sobem.

Obs: eu dei espaço naqueles hífens, porque não cabia no blog. Ele não incentiva a minha criatividade. ¬¬

Do you mind if anyone can play guitar?

Free thinkers are dangerous (are dangerous?)
e é por isso que pensar saiu de moda (sai de moda)

Look at each other (each other),

anyone can play guitar (play guitar)
and they won't be a nothing anymore (no think anymore)

Look at each other (ache other),

anyone can play guitar (play guitar)
but everyone wannabe (wannabe)
wannabe (wannabe)
wannabe Jim Morrison (Im Morrison)

Look at each other (other)

Não parece que todo mundo fala em uníssono? (em um sono)
Parece um grande eco (que nojo).


Trilha sonora:
System of a Down - Mind
Radiohead - Anyone Can Play Guitar

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O garoto Yuyu.

Era uma vez um garoto Yuyu que vivia em estado de latência. As pessoas do mundo em que ele vivia não despertavam sensações interessantes com freqüência. Então o garoto Yuyu ocupava todo o seu tempo com fontes de distração, se maravilhando com cortes bem feitos em filmes e voltando as cenas para vê-los de novo, observando a vida de pessoas mais interessantes nos livros, escutando a mesma música no repeat eternamente.

Mas o garoto Yuyu acabou conhecendo algumas pessoas que poderiam proporcionar-lhe sensações deveras interessantes. À princípio ele não se deu conta de que poderia sequer sentir alguma coisa, havia muitos anos que o garoto Yuyu não sentia absolutamente nada, exclusive tédio. Entretanto, o garoto Yuyu não apenas começou sentir de novo, o garoto Yuyu começou a ser engolido pelo que sentia.

O garoto Yuyu pode observar personagens interessantes em sua vida, agora. Pode observá-los como um cena no pause, durante bastante tempo, e o faz com atenção, porque não quer que elas se repitam. Mas, de vez em quando, as coisas se passam depressa, os cortes ficam rápidos e numerosos, e aquele monte de sons-lembrados que se repetem na cabeça se tornam uma orquestra trágica, os ouvidos do garoto Yuyu não são bons, mas nesses momentos ele escuta o barulho de dedos empurrando pequenas massas de ar, do pulmão se dilatando e se contraindo e a percursão, tum, ah a percursão, tum tum, a percursão toma conta, tum tum tum, do garoto Yuyu, tum tum tum tum, o garoto Yuyu não consegue mais intumtumtumtumtumteragir, o garoto Yuyu quer aprender a intumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtutmutmutmutmumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumutmtmmtutmumtumutmutmutmutmumtumtumtumutmutmumtumtmtumutm

Tumtum.tum..tum....tum......tum..........tum

O garoto Yuyu gostaria de interagir feliz para sempre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

De onde vêm as crianças solitárias?

Olho ao meu redor e vejo todas essas crianças perdidas. Se julgam solitárias e tentam se encontrar. Tentam vestir outras roupas, escutar outras músicas e ostentar outros valores. A maior parte delas vai simplesmente cortar o cabelo e arrumar um emprego, essas vão se encontrar todas no mundo dos perdidos.

Poucas serão as crianças que continuaram sofrendo por saber que pessoas matam pessoas, que pessoas amam pessoas, que pessoas matam as pessoas que amam.

Eleanor Rigby vive em um sonho e espera pela janela, mas ninguém, nem mesmo seu marido, sabe por quem; Oskar Schell bate de porta em porta procurando informações sobre o pai morto, mas não bate na porta de sua própria mãe; Ana Carolina mantém um relacionamento aberto, mas não quer se tornar uma segunda opção.

Se todas essas crianças solitárias fossem embora, para onde iriam?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Você quer continuar?

Olhava o sangue em suas mãos com tamanha intensidade que quase podia identificar seus componentes. Como pôde, seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas o golpeou. Não foi possível evitar o ataque, tudo se sucedeu em uma daquelas ocasiões em que ele perdia o controle, ele poderia ter evitado vários ataque iguais ou até melhores que aquele, mas tudo tinha de acontecer em um daqueles momentos em que ele criava uma propensão a provocar caras mais fortes e em maior quantidade do que ele, eventualmente até conseguia executar movimentos incríveis que não conseguiria em pleno controle de si, mas logo que tinha que enfrentar os tais caras voltava a si e a coisa se complicava imensamente.

Foi assim que quase perdeu um dos braços quando teve de enfrentar os gladiadores mutantes e também quando por muito pouco não teve seu cérebro devorado por um grupo de piratas zumbis... Houve também a invasão! Ah, a invasão foi difícil de combater, quando se jogou ao mar já se entregava à morte e pedia a alguma força superior que lhe desse outra chance, mas, dessa vez, não foi preciso, os aliens morreram ao entrar em contato com o sal ou qualquer baboseira parecida.

Enfim, agora ele estava envenenado e tinha de enfrentar seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas antes que o veneno se espalhasse, e mesmo sendo ele apenas um jovem-de-origem-simples-com-um-grande-poder-adormecido como tantos outros em seu universo poligonal ele sentia que poderia enfim superar seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas. Buscaria em seu nobre objetivo, que envolvia salvar o mundo, vingar a morte de sua família (e possivelmente convencer uma das vilões a se aposentar e viver com ele após os créditos e uma possível seqüência), a força para, enfim, acordar o grande poder adormecido em seu interior e sair vitorioso do combate derradeiro. Ele estava enganado, os itens de cura eram insuficientes e suas habilidades não não alcançavam os requisitos, as forças superiores haviam se cansado de lhe dar chances. Dessa vez ele podia de fato ver os componentes do sangue: pixels em escalas de vermelho escorriam de suas feridas. Game over.

sábado, 28 de junho de 2008

3 colheres de amor no meu café.

Como compreender a cultura da micareta? Sinceramente, a parte mais prazerosa do gostar-de-alguém-do-jeito-assim-assim-de-gostar-de-alguém é o processo, a caminhada, os planos infalíveis que sempre dão errado, os textos eloqüentes que não são assim tão eloqüentes quando se gagueja a primeira frase e muda-se de assunto na segunda. Agora, onde já se viu diversão em: hum, aquela menina é gostsmack! Não deu nem tempo de pensar a respeito da garota, de imaginar que ela nunca tropeça, nunca perde a paciência e nunca faz o número dois. E os playssons ainda contam vantagem em cima das QUA-REN-TA-E-NO-VE mulheres que eles pegaram em U-MA noite. U-MA! Bah, é muito mais interessante contar vantagem em cima dos 30 anos em que você dissolveu o açúcar no café batendo a colher no copo, isso mesmo, no copo, e fazendo aquele barulho que a sua mulher detesta, três vezes ao dia. Você sempre gostou de apenas uma colher, mas coloca três. E ela ficou com você durante 30 anos. E o melhor: faltam umas duas horas para ela ouvir o barulho de novo.

Atenção queridos leitores: não aconselho que coloquem sazon no café.

p.s: não parem de ler nem me batam por causa da piada acima.

Felicidade[?] congelada.

E pensar que um dia criticamos as pessoas que tatuavam o nome de seus namorados em suas pernas, braços e seios. A ridicularidade que é ter que fazer uma cirurgia a laser para retirar cada letra que queima na pele. Queria eu que queimassem todos aqueles álbuns de retratos, todas aquelas fotografias em que eu não pareço estar assim tão só. Não me leve a mal, querida, eu daria toda essa insignificância que nós temos por existência, todo o espaço-tempo, para viver todos aqueles momentos só uma vez, assim não transformaria o seu sorriso nessas lágrimas que escorrem no meu rosto e borram a sua maquiagem. Daria tudo para viver cada momento só uma vez, e o seu sorriso nunca seria um sorriso de deboche. E dessa dor, amor, não me desfaço, porque tenho medo de só me ter assim tão só, tenho medo de nunca te ter mais nos meus braços.


Versão versada [original]

Não tenho seu nome tatuado no meu corpo
Mas cicatrizes, amor, você me deixou
Num álbum de retratos,
Fotografias em que eu não pareço estar assim tão só

E eu daria todo o espaço-tempo
Para viver cada momento só uma vez
Pra não transformar o seu sorriso
Numa lágrima que escorre no meu rosto

Dessa dor, amor, não me desfaço
Que eu tenho medo de só me ter assim tão só
Tenho medo de nunca te ter mais nos meus braços.

domingo, 22 de junho de 2008

Em caso de incêndio, as portas laterais se fecharam para as pessoas feias e elas vão queimar. :D

Aeroportos são lugares legais, se você for uma pessoa normal. Não, não é porque as pessoas se despedem às lágrimas ou se reencontram calorasamente... é pelo simples fato de ter um índice assustadoramente maior de pessoas bonitas. Obviamente, os aeroportos não são tão legais para as pessoas que não concordam com o padrão comum de beleza. Não vou dar uma de eco e tentar definir a beleza, como muita gente vem fazendo por aí (e não foi uma indireta, não conheço o trabalho do sujeito tal, mas dizem por aí que é bom). Estou me referindo às mulheres que os homens chamam de gostosa, quando elas se retiram da rodinha, aposento, mesa ou qualquer outro lugar, na verdade, às vezes chamam mesmo quando elas estão lá ainda... também estou me referindo aos homens que as mulheres dizem sabe-se lá o que, quando eles saem do recinto. Mesmo que eu seja um dos que não vê tanta graça nessa beleza comum, foi divertido chegar a algumas conclusões.

Pessoas pobres não andam de avião e pessoas bonitas não andam de ônibus, logo pessoas pobres não são bonitas (é óbvio, existem algumas exceções). Entretanto, é inevitável que ocasionalmente nasçam pessoas pobres dentro dos padrões comuns, e aclamados pela grande massa, de beleza. É de se esperar que o índice de nascimento de pessoas com esse perfil seja maior do que o número de pessoas bonitas que se vê nos ônibus. Então as pessoas pobres e dentro dos padrões novela das 8 de beleza tem uma chance maior de subir um degrau na classe social e estacionar na classe média, que não é assim tão boa, mas já é alguma coisa. O divertido mesmo é pensar quais são os tipos de oportunidades que essas pessoas recebem a mais.

Essas oportunidades podem ser o vagabundo do cursinho que se esforçou para explicar à garota uma matéria que ela estava com dificuldade de assimilar, não por ser uma pessoa de extremo bom caráter, mas por achar os peitos dela sensacionais e que, graças a isso, garantiu a ela alguns pontos no vestibular; O rapaz que ganhou um emprego na empresa do sogrão, que, embora achasse o rapaz um completo incopetente, não queria a filha casada com um zé-ruela (haha); A garota que se esforçou para aprender a dançar forró para pegar um gatinho (que não ficaria com ela, caso ela fosse feia e soubesse dançar) e acabou virando professora de dança de salão. O menino que não tomou bomba, porque perderia a namoradinha (que também não ficaria com ele, caso ele soubesse passar de ano e fosse feio) e se esforçou mais para passar de ano, durante vários anos.

Eu, particularmente, acho que as pessoas seriam mais bonitas se parassem de fazer chapinha. Não garanto que teriam chances maiores de subir na vida... mas que elas teriam chances maiores comigo, elas teriam.

sábado, 17 de maio de 2008

Fim do mundo.

Como é viver quando se sabe exatamente quando o mundo vai acabar? Não passa de uma semana, é isso, quinta-feira. Isso não é nenhuma baboseira sobre Nostradamus, o fim do calendário do maia ou a demolição da Terra para a construção de uma via inter-galáctica. Isso é sobre o fim do mundo saindo da boca de um sujeito vestido de branco em uma sala branca cheia de aparelhos, provavelmente brancos, que apitam, e que, se eu pudesse, teria arremessado todos, um por um ou todos de uma só vez, não importa realmente, teria arremessado todos em qualquer lugar que fosse, contanto que eles parassem com o maldito barulho. Isso, é claro, incluindo o sujeito de branco. Principalmente o sujeito de branco. É assim, você passa a vida inteira sentindo-se extremamente desconfortável no silêncio, então você a preenche falando qualquer asneira que vier a sua mente, porque nada pode ser pior do que o silêncio de olhos que gritam, como quando você conta aos seus pais que está grávida ou que experimentou drogas. Como o silêncio dele, quase o tempo todo. Eu odiava sentir o peso daqueles olhos e eu não precisava vê-los para saber que estavam voltados para mim, por isso sempre o instiguei a falar, o tocava o tempo todo para chamar sua atenção. E quando fazíamos sexo, eu o instigava a falar. Aquilo o desconcertava, mas eu te amo atravessava numa rajada úmida meus ouvidos, eu te amo massageava meus seios, eu te amo molhava meus seios, ora como uma garoa, ora como uma tempestade, eu te amo me penetrava. Eventualmente começamos a tentar coisas novas, yo te amo esquentava minha boca, ich liebe dich parecia querer me rasgar no meio, I love you, kocham was, pourquoi, sentire appena, baka. Eu só queria ouvir a voz dele antes que tudo acabasse. Eu estava próxima do fim quando senti o toque dele, eu sabia que era ele, tinha certeza, eu reconhecia aquela sensação, me lembrei vagamente de todas as vezes em que entrei em sua casa e foi todo o tempo que tive até que eu sentisse seu toque desaparecer e depois os passos. Embora ele tenha ido embora, eu continuei segurando a sua mão da mesma forma que eu sempre fazia pedindo por sua voz. Me segurei a ela como se o mundo dependesse disso, e dependia.

Tudo ficou branco, não foi de repente, foi aos poucos, mas cada vez mais branco. Enfim foi tomando forma, alguns brancos apitavam, outros falavam sem parar, outros brancos apenas estavam lá, me cercando por toda a eternidade, e, de algum forma, esse foram os brancos que me pareceram mais familiares. Era quinta-feira, havia exatamente sete dias desde que eu sofrera o acidente e o mundo não havia acabado. Eu precisava ouvir a voz dele, de que vale um mundo de silêncio? Quando cheguei à casa dele, cumprimentei sua mãe, como de costume, havia algo de incrível semelhança entre os dois, mas eu nunca soube realmente o que era e não havia tempo para isso agora, não antes de ouvir a voz dele. Não havia tempo para tentar entender porque havia tantas coisas encaixotadas no quarto dele, não havia tempo para pensar sobre o motivo pelo qual a mãe dele me seguiu até o quarto e ficou parada, olhos urrando me fitando. Ela me entregou uma capa de CD, no encarte uma mão segurava uma casquinha de sorvete com uma bola: o planeta Terra, derretendo. Ele desenhava bem, tinha boas mãos. Coloquei o cd no som, uma das poucas coisas não encaixotadas.

Sua voz ecoou pelo quarto: Como é nunca ter vivido?¿ Cómo és nunca haber vivido? How did it feel... as palavras me atravessavam, rebatiam nas paredes brancas até se perder no infinito. Sua mãe me abraçou e a capa do cd, uma caixinha que continha aquilo que eu acreditava ser meu maior tesouro, caiu de minhas mãos, o vidro trincou. Pude ver no chão, o trincado partia das costas da mão em várias direções, mas toda a superfície que cobria o mundo distorcido estava intacta. O médico estava errado, o mundo não acabou, mas agora não há mais sentido para estar nele.

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