Leialti minimalista.

domingo, 27 de julho de 2008

Do porque não dividimos mais bancos.

Foi-se o tempo em que um banco de praça era dividido com um estranho, atualmente, quando se senta com alguém em algum banco, é com alguém que você já conhece e que, muito provavelmente, está com você. Não vejo o porquê de tal fenômeno. É muito mais engraçado sentar-se com a sua namorada em um banco já ocupado e afugentar os ocupantes prévios. Mesmo a cena do garoto em um extremo do banco, da garota no outro extremo e, no meio, um misto de timidez com polidez social sentado como uma terceira pessoa (quando um dos dois coloca a mão no meio do banco, pode-se sentir o colo dessa terceira pessoa) ainda funciona perfeitamente na minha cabeça. Aliás, com toda essa contemporaneidade, não importam muito os gêneros das pessoas sentadas. Posso ver claramamente, o menino já está lá, então a garota se senta, alguém tem que dar um primeiro passo. Agora são três no banco e eles trocam olhares furtivos. A garota da direita se finge de desinteressada e a da esquerda é mais ousada, se aproxima levemente dë meninë desinteressado, agora verificando algo em sua mochila. Da mochila do garoto sai um lenço branco que, numa atuação terrível, ele deixa cair no chão. O garoto ousado, que à essa altura já estava com o braço escorado no enconsto do assento, pode ver claramanente no lenço caído letras grandes num tom de verde-limão-cegante que despertaria o horror em qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto os dizeres: "eu vô". Nesse momento a terceira pessoa se levanta e vai embora, talvez haja algum banco vazio na praça.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A arte de profetizar o óbvio.

Acho que me foi revelado através de sonhos que eu tenho vocação para ser jornalista do super. Acordei pela madrugada dizendo: o bispo-tal-de-nome-alienígena fundou uma nova religião (também alienígena), sabe o tipo de grupo que venera uma raça alienígena que virá e levará os escolhidos (drogados) para um lugar melhor. Eu disse apenas até o "nova religião", mas, é assim nos sonhos, você sabe das coisas mesmo que ninguém tenha dito. Resolvi que seria bom levantar e ir andar de bicicleta enquanto o sol não nascia ou, melhor, enquanto o sol nascia. Dormi de novo. Acordei pela manhã dizendo: o rei da guitarra declarou que este país precisa de riffs melhores. Mais tarde, quando contei o fato a um amigo, ele entendeu "hippies" e eu mesmo fiquei na dúvida, minha audição é péssima. Seja como for, concordo com o rei da guitarra, quem quer que seja. Talvez eu devesse me dedicar a alguma atividade espiritual, talvez eu devesse me dedicar a música, talvez eu devesse parar de dormir tanto, quando eu dormia de quatro a seis horas por noite/escola eu era uma pessoa menos perturbada.

Life Collector

A Collector is anyone who is insanely-obsessive for something, it can be anything, it can be really anything. It's one of those things everyone does in one stage of their lives (the snack's industries makes a lot of money, thanks to that) there is this idea that is the kind of thing you have to do to die assured that you lived, like playing a random strip game.

Collectors would let go of all their dignity [aka money] and money to obtain the items of their collections. I am a collector and fortunaley I do not have to spend a fortune to obtain the items of my collections: random photographies supposed to be cute and random book passages supposed to be cute. I use the photographies to mark the books I'm reading, I could use them to mark only the supposed to be cute parts, but I don't have photographies enough. And, actually, I don't need to mark the books I'm reading, because I do remember the page in which I stopped by memory, but it is somehow poetic to mark the page of a book with a marble sidewalk or with an eternal-smile. Of course, it would be even better if I could mark the pages with smileys-smiles, of these I'm a well succeeded collector.


Será que consigo ser um tradutor bem sucedido de mim mesmo?

Ambulofobia

Acordei. Detesto esse momento, eu poderia passar o resto do dia dormindo. O resto dos dias. Qual é o objetivo de me levantar e andar mesmo? Me encontrar com um monte de pessoas que vestem as mesmas roupas, porque têm medo de estarem fora de moda, que escutam as mesmas músicas, que cumprimentam os mesmos cumprimentos, tudo isso por ter medo da rejeição. E a maioria delas nem sabe disso. Também, como haveriam de saber? Não há absolutamente nada na parte de dentro. NADA!

Todos temos medo. Eu tenho muito medo. Um amigo meu tem muito medo, certa vez ele foi assaltado, eram dois caras e um deles estava armado, mas eles provavelmente tinham mais medo do que meu amigo, estavam completamente fora de controle. Ele atacou os assaltantes e espancou os dois, tudo isso por uns papéis coloridos, é esse o tipo de incentivo que um ser humano tem para enfrentar seus medos hoje em dia. Mas o meu amigo ainda tem medo, ele anda na rua e a cada malaco ele enxerga aqueles dois assaltantes e dessa vez eles não vão pedir dinheiro, vão reconhecê-lo e furá-lo que nem uma peneira, é como eles dizem. Muitas pessoas têm medo de lugares fechados ou de multidões, mas está tudo bem, elas podem apenas optar por fugir dos seus medos. Elas podem apenas ser assaltadas em todas as vezes, afinal, são só uns papéis coloridos.

Ainda estou deitado. Eu acabo me levantando todo dia, é um processo difícil, mas eu passo por ele sempre, no início parece que vou ter uma crise, mas hoje consigo me controlar... evito de ficar muito tempo sentado ou deitado, quando estou fora de casa, aqui as pessoas acabaram aceitando o meu medo, mas e lá fora? Lá fora, se eu tiver uma crise dessas, vão achar que sou louco e rir de mim, é assim que o mundo faz. O meu medo é mais ridículo que o seu, esse é o critério. Eu levanto e ando todos os dias, a cada passo tenho que enfrentar um cano gélido apontado para a minha cabeça por pessoas que só estão fazendo isso porque foram dominadas pelo seus medos, eu bato nelas, as soco e chuto, a cada passo. E vocês? Um pé de cada vez, cada passo menor que a perna. É o tipo de resposta que recebo. É o tipo de resposta que todos vocês covardes me dão. Posso ter medo de andar, mas não tenho medo de ser diferente de todos vocês, não... disso eu tenho orgulho. Quando estou me dirigindo para dentro de mim, consigo até correr. Vocês conseguem pelo menos engatinhar? Pelo menos se arrastar?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Abstinência.

Se o meu F5 pudesse gritar, ele estaria fazendo isso. Há duas horas ele não é usado uma só vez, deve estar passando por uma crise profunda de rejeição.

Eu posso gritar e é o que eu estou fazendo. O orkut disse que os perfis ativos não correm risco, mas eu não sei, tenho aquele álbum sacaneando com eles, acho que eles vão levar pro lado pessoal... e eu só queria ser engraçadinho. Bom... perdi o carregador do celular, então quem quiser falar comigo entra na sintonia 업데이트소식 이벤트소식 e manda um bip.

Mal me quer.

Eu costumava adorar surpresas, até conhecer a aranha-caranguejo. A aranha-caranguejo é um pequeno ser levemente transparente que vive dentro de flores brancas, flores amarelas e flores flores daquelas que abelhinhas se aproximam para tirar mel ou do qual pessoas se aproximam para deleitar-se com o perfume.

Algumas pessoas são como flores das quais nos aproximamos para sentir o perfume. Algumas pessoas são melhores ainda do que apenas perfume, nos aproximamos dela para produzir mel, razão de nossas vidas de pessoas operárias. E enquanto estamos lá nos dedicando à única atividade que faz sentido em nossas vidas, somos atacados por uma maldita aranha-caranguejo. Nesse momento nos descobrimos aracnofóbicos. É porque não recebemos ainda a surpresa: a aranha-caranguejo é uma aranha versátil em filha-da-putice, ela não necessariamente prende suas presas em uma teia, como de praxe, porque, nesse tipo de ocasião, ainda haveria uma chance ínfima de fuga. A aranha-caranguejo atrai suas presas para um líquido qualquer e as observa afogar. Você é uma abelha operária aracnofóbica e suas asas estão molhadas, você não pode voar e há uma aranha observando você morrer afogada dentro de uma flor. Talvez você tenha esperança de que a aranha, como parte da bela flor que outrora lhe fora o sentido da vida, lhe salve da morte, ela poderia te ajudar, ela poderia estender apenas uma das suas oito patas. Mas ela apenas observa você morrer.

Mendigo #152

- 'Cê já beijou boca de viado!? - Eis que, por meio de brotação, surge um mendigo, em um local onde antes havia apenas a calçada suja e o ar poluído da cidade.
- Não! (na verdade já, mas que diabos???) - O mendigo sucedeu em chamar a atenção de toda a roda em que se encontrava o tal menino contando uma de suas seqüelas em forma de história.
- Mais eu ouvi você falando aí que beijou boca de viado! - O mendigo é uma daquelas pessoas que deve dizer bom dia berrando.
- ... hein!? - Na roda, antes do fato bizarro, contava-se uma história não menos bizarra do dia em que o garoto, alvo da pergunta, acordara no carro do juizado de menores e que o filho da puta do promotor contara ao seu tio que ele estava beijando boca de viado.
- 'Cê falou aí que beijou boca de viado! - O mendigo falava com uma indignação tal como se tivesse beijado o filho dele (assumindo que ele era preconceituoso, que era o aparente), sei lá.
Houve uma pausa em que os mendigos murmuram um monte de coisas imcompreensíveis, não se a minha audição que é ruim, mas isso sempre acontece. Neste momento o garoto pensava em todos os outros mendigos pelos quais fora abordado.

Houve o mendigo poliglota. A princípio ele e seus amigos apenas acharam que ele só sabia dizer "light my fire", mas após algumas frases em francês o mendigo ganhou crédito total e muito possivelmente alguns trocados. Em uma dessas vezes um aleatório apontou para seu amigo e disse "Sócrates!", apontou para ele "Aristóteles" e finalmente para a garota que estava com eles, parou um um pouco e ficou pensativo, finalmente disse "Camila! Essa menina é de ouro, tomem conta dela!". Agora o garoto interpelado pelo mendigo pensava que Camila estava para a história da filosofia como o beijo que ele havia dado em viado estava para o mendigo.

- Não, não... não beijei viado nenhum.
- Pô, mas o cara pinta até... - Nesse momento chega-se a conclusão de que o mendigo só passou por essa abordagem bizarra por não saber dizer "come on baby, light my fire."

sábado, 19 de julho de 2008

Produção em massa.

É inevitável, toda produção em massa acaba gerando muito mais produtos ruins do que produtos bons, o mundo está aí e não me deixa mentir: filmes hollywoodianos, animes, novelas da Globo, novelas dos outros canais, piadas do meu pai, sanduíches do mcdonald's, pessoas... enfim.

Melhor parar de escrever por uns tempos, né!?

Colecionando vida.

Colecionador é todo e qualquer sujeito que é maníaco-obsessivo por alguma coisa, pode ser qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. E é uma daquelas coisas que a maioria das pessoas faz em alguma parte da vida (muitas empresas de chipes faturam, graças a isso), há uma idéia de que é o tipo de coisa que você tem de fazer para poder morrer seguro de que viveu, como jogar strip-jogo-aleatório.

Colecionadores abrem mão de toda a sua dignidade [a.k.a. dinheiro] e de seu dinheiro para obter as peças que colecionam. Eu sou um colecionador e, felizmente, não tenho que gastar fortunas para obter os itens das minhas coleções: fotografias aleatórias supostamente bonitinhas e trechos aleatórios supostamente bonitinhos de livros. Eu uso as fotografias para marcar os livros que eu estou lendo, eu poderia marcar apenas as partes legais com elas, mas não tenho fotografias o bastante. E, para dizer a verdade, não preciso marcar as páginas dos livros, porque consigo me lembrar de cabeça, mas há um quê de poético em marcar a página do livro com uma calçada de bolinhas de gude ou um sorriso-eterno. É claro, eu gostaria muito mais de marcar as páginas com sorrisos-sorrisos, desses sou um colecionador bem sucedido, afinal.

Este texto foi baseado em fatos reais.

Com um beijo no final.

É o tipo de coisa que se ouve em mesas de buteco, os seus amigos sempre viveram histórias mais legais que as suas, histórias que poderiam virar filmes. Mas a sua vida, bem, se fosse um filme, seria um daqueles em que você dorme e só consegue se lembrar da cena mais ridícula, alguma coisa do tipo dei-tchau-pra-pessoa-do-outro-lado-da-rua-e-trombei-com -um-poste. Mas eu finalmente vivi a minha história, a minha história que poderia ser um filme.

A maioria das pessoas não sabe, mas, se você está entrando em pânico, não pode deixar o pânico estampado no seu rosto (:D), principalmente em uma boate. As pessoas não querem conhecer pessoas em pânico, as pessoas querem conhecer pessoas dançantes e disponíveis. Mas aquela cara de pânico não era do tipo de pânico tem-um-homem-três-vezes-maior-que-eu-me -empurrando-pra-parede muito comum em boates. Era uma cara de pânico de alguém que não sabia se estaria em pé nos próximos segundos. Provavelmente eu já estaria morto, se em todas as vezes em que fiquei bêbado além do limite tolerável não houvesse alguém para me ajudar.

As luzes provavelmente me deixavam tão tonto como ela, eu não gosto de boates, eu não sei dançar e os meus amigos e a minha namorada não se importam se eu não danço: eles dançam. Eu tentei falar com a garota, falei que ia pagar a conta dela, nesse momento me esqueci que a cartela dela deveria estar completamente preenchida. A cartela dela estava completamente preenchida. Eu não tinha tanto dinheiro, para dizer a verdade, eu mal tinha dinheiro para pagar a minha cartela e voltar pra casa. Mas havia uma outra cartela de uma tal Luiza Guimarães e ela não havia bebido nada. Eu sabia que a tal Luiza iria se foder bonitamente se perdesse a sua cartela, mas se a garota estava acompanhada e a sua companhia estava muito ocupada para ajudá-la, ela merecia se foder bonitamente... aliás, qualquer um que viu a situação da garota e não foi capaz de fazer nada merecia.

A garota precisava de glicose. Eu não sei porque as pessoas precisam de glicose, quando bebem. A primeira coisa que fiz, quando escolhi o curso do vestibular, foi ignorar todos os cursos em que havia biologia. Mas eu sabia que a garota precisava de glicose. Eu não tinha dinheiro para obter uma barra de chocolate, mas isso nunca me impediu antes. No início eu apenas enfiava a barra na mochila e saia tremendo como se tivesse parkinson, mas uma vez eu fui pego, o segurança me deixou ir daquela vez, ele disse que ele só deixaria daquela vez. Eu não deixei que se repetisse, passei a fazer com que as coisas que eu roubava parecessem minhas, os seguranças só procuram por coisas roubadas. Normalmente eu comprava uma coisa em outro estabelecimento e usava a nota fiscal para sair com o mesmo produto, mas essa tática requeria um investimento financeiro que eu não podia fazer. Então nos sentamos em frente ao supermercado e esperamos. Não demorou muito, muitas pessoas precisam de glicose aos finais de semana e logo saiu um cara, eu podia ver, dentro de sua sacola, duas barras de chocolate. Ele jogou a nota fiscal no chão, assim que saiu do supermercado. Eu não gostava daqueles chocolates, mas pelo menos ele não havia jogado a nota no lixo.

A garota me abraçou e dormiu, não sei como ela conseguiu caminhar até o ponto de ônibus, era uma distância considerável para se percorrer, e ela estava dormindo. O ônibus só passou depois de três horas. Ela não se moveu sequer uma vez. Também não consigo compreender como ela se locomoveu do ponto até o ônibus, mas, de alguma forma foi feito. Posteriormente o mesmo processo ocorreu do ônibus para uma das camas vazias do meu quarto. Meus irmãos estavam viajando. A garota não disse uma palavra. Não foi ao banheiro, não escovou os dentes, não bebeu água. Ela dormiu durante 15 horas seguidas. Eu dormi durante 15 minutos, minha casa estava em obras e os pedreiros decidiram que aquele seria um ótimo dia para usar a marreta. Eu passei o dia todo observando a garota dormir, cogitei seriamente a possibilidade de me atirar ao pescoço dela, mas se nada havia acontecido até agora, muito provavelmente não aconteceria. Além do mais, ela estava naquela boate, provavelmente era lésbica.

Quando a garota finalmente acordou, não fez nenhuma pergunta. Acho que ela teria perguntado onde havia um espelho, se não houvesse um bem a vista, porque a primeira coisa que ela fez ao acordar foi se colocar em frente a ele e se maquiar. Depois ela se colocou em frente a mim e ficou na ponta dos pés. Eu fechei os olhos, alguma coisa, afinal. Quando abri os olhos a garota já havia me dado as costas e uma mancha na ponta do nariz, e, é claro, aquele impulso que se tem de levar a mão a um lugar que acabou de receber uma marca colorida de boca. Essa é a parte em que os créditos sobem.

Obs: eu dei espaço naqueles hífens, porque não cabia no blog. Ele não incentiva a minha criatividade. ¬¬

Do you mind if anyone can play guitar?

Free thinkers are dangerous (are dangerous?)
e é por isso que pensar saiu de moda (sai de moda)

Look at each other (each other),

anyone can play guitar (play guitar)
and they won't be a nothing anymore (no think anymore)

Look at each other (ache other),

anyone can play guitar (play guitar)
but everyone wannabe (wannabe)
wannabe (wannabe)
wannabe Jim Morrison (Im Morrison)

Look at each other (other)

Não parece que todo mundo fala em uníssono? (em um sono)
Parece um grande eco (que nojo).


Trilha sonora:
System of a Down - Mind
Radiohead - Anyone Can Play Guitar

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O garoto Yuyu.

Era uma vez um garoto Yuyu que vivia em estado de latência. As pessoas do mundo em que ele vivia não despertavam sensações interessantes com freqüência. Então o garoto Yuyu ocupava todo o seu tempo com fontes de distração, se maravilhando com cortes bem feitos em filmes e voltando as cenas para vê-los de novo, observando a vida de pessoas mais interessantes nos livros, escutando a mesma música no repeat eternamente.

Mas o garoto Yuyu acabou conhecendo algumas pessoas que poderiam proporcionar-lhe sensações deveras interessantes. À princípio ele não se deu conta de que poderia sequer sentir alguma coisa, havia muitos anos que o garoto Yuyu não sentia absolutamente nada, exclusive tédio. Entretanto, o garoto Yuyu não apenas começou sentir de novo, o garoto Yuyu começou a ser engolido pelo que sentia.

O garoto Yuyu pode observar personagens interessantes em sua vida, agora. Pode observá-los como um cena no pause, durante bastante tempo, e o faz com atenção, porque não quer que elas se repitam. Mas, de vez em quando, as coisas se passam depressa, os cortes ficam rápidos e numerosos, e aquele monte de sons-lembrados que se repetem na cabeça se tornam uma orquestra trágica, os ouvidos do garoto Yuyu não são bons, mas nesses momentos ele escuta o barulho de dedos empurrando pequenas massas de ar, do pulmão se dilatando e se contraindo e a percursão, tum, ah a percursão, tum tum, a percursão toma conta, tum tum tum, do garoto Yuyu, tum tum tum tum, o garoto Yuyu não consegue mais intumtumtumtumtumteragir, o garoto Yuyu quer aprender a intumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtutmutmutmutmumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtumutmtmmtutmumtumutmutmutmutmumtumtumtumutmutmumtumtmtumutm

Tumtum.tum..tum....tum......tum..........tum

O garoto Yuyu gostaria de interagir feliz para sempre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

De onde vêm as crianças solitárias?

Olho ao meu redor e vejo todas essas crianças perdidas. Se julgam solitárias e tentam se encontrar. Tentam vestir outras roupas, escutar outras músicas e ostentar outros valores. A maior parte delas vai simplesmente cortar o cabelo e arrumar um emprego, essas vão se encontrar todas no mundo dos perdidos.

Poucas serão as crianças que continuaram sofrendo por saber que pessoas matam pessoas, que pessoas amam pessoas, que pessoas matam as pessoas que amam.

Eleanor Rigby vive em um sonho e espera pela janela, mas ninguém, nem mesmo seu marido, sabe por quem; Oskar Schell bate de porta em porta procurando informações sobre o pai morto, mas não bate na porta de sua própria mãe; Ana Carolina mantém um relacionamento aberto, mas não quer se tornar uma segunda opção.

Se todas essas crianças solitárias fossem embora, para onde iriam?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Você quer continuar?

Olhava o sangue em suas mãos com tamanha intensidade que quase podia identificar seus componentes. Como pôde, seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas o golpeou. Não foi possível evitar o ataque, tudo se sucedeu em uma daquelas ocasiões em que ele perdia o controle, ele poderia ter evitado vários ataque iguais ou até melhores que aquele, mas tudo tinha de acontecer em um daqueles momentos em que ele criava uma propensão a provocar caras mais fortes e em maior quantidade do que ele, eventualmente até conseguia executar movimentos incríveis que não conseguiria em pleno controle de si, mas logo que tinha que enfrentar os tais caras voltava a si e a coisa se complicava imensamente.

Foi assim que quase perdeu um dos braços quando teve de enfrentar os gladiadores mutantes e também quando por muito pouco não teve seu cérebro devorado por um grupo de piratas zumbis... Houve também a invasão! Ah, a invasão foi difícil de combater, quando se jogou ao mar já se entregava à morte e pedia a alguma força superior que lhe desse outra chance, mas, dessa vez, não foi preciso, os aliens morreram ao entrar em contato com o sal ou qualquer baboseira parecida.

Enfim, agora ele estava envenenado e tinha de enfrentar seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas antes que o veneno se espalhasse, e mesmo sendo ele apenas um jovem-de-origem-simples-com-um-grande-poder-adormecido como tantos outros em seu universo poligonal ele sentia que poderia enfim superar seu ex-melhor-amigo-e-rival-que-sempre-o-superou-em-todas-as-coisas. Buscaria em seu nobre objetivo, que envolvia salvar o mundo, vingar a morte de sua família (e possivelmente convencer uma das vilões a se aposentar e viver com ele após os créditos e uma possível seqüência), a força para, enfim, acordar o grande poder adormecido em seu interior e sair vitorioso do combate derradeiro. Ele estava enganado, os itens de cura eram insuficientes e suas habilidades não não alcançavam os requisitos, as forças superiores haviam se cansado de lhe dar chances. Dessa vez ele podia de fato ver os componentes do sangue: pixels em escalas de vermelho escorriam de suas feridas. Game over.

Sitemeter